Manuel Pizarro não descarta gestão particular. BE diz que “é a privatização dos cuidados de saúde primários”.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, admitiu esta terça-feira criar Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo C temporárias, isto é, de gestão privada, para responder à falta de médicos de família, uma possibilidade que o Bloco de Esquerda (BE) considerou ser a “privatização” dos cuidados primários de saúde.

“Num período transitório em que há falta de médicos de família para resolver o problema de algumas comunidades”, Pizarro revelou que equaciona “a possibilidade da constituição dessas USF”, durante uma audição no Parlamento, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023).

O ministro apontou o exemplo da eventualidade de um “grupo de médicos reformados” pretender constituir uma USF tipo C, questionando se deve recusar essa “cooperativa” de clínicos apenas devido ao seu modelo de organização.

A linha política do ministério passa por ser “absolutamente fiel à convicção de um Serviço Nacional de Saúde público”, assegurou o governante, ao salientar ainda que a medida para resolver a falta de médicos de família “está a ser tomada” com o aumento da formação de especialistas em medicina geral e familiar.

A deputada do BE, Catarina Martins, sublinhou que as USF tipo C são “algo que a lei diz que é possível existir, mas que nunca foi legislado” em Portugal.

“As USF tipo C são, nem mais nem menos, do que a privatização dos cuidados primários de saúde. É a entrega a empresas dos cuidados primários de saúde”, alertou a coordenadora bloquista.