Portugal tem feito mais investimento em cuidados preventivos nos últimos anos, mas ainda está na cauda da Europa, revela o Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde (RADIS) hoje divulgado.

O relatório, apresentado hoje na conferência da Convenção Nacional da Saúde (CNS), revela que a média de investimento em cuidados preventivos subiu de 2,7% para 3,3%, entre 2019 e 2020, um crescimento de 0,1 pontos percentuais, sendo a média europeia de 0,6 pontos percentuais.

“Portugal fez um investimento maior nos últimos anos em prevenção. Ainda assim, está neste momento na cauda da Europa”, disse o economista João Condeixa, um dos autores do relatório, que será divulgado anualmente e resulta do trabalho de uma equipa multidisciplinar, que junta médicos, farmacêuticos, economistas, juristas e matemáticos.

Considerando apenas os países que reportam dados, Portugal encontra-se na 23.ª posição (entre 26) no que diz respeito a investimento em cuidados preventivos.

João Condeixa adiantou que, apesar de crescente, o investimento em prevenção, ao não ser ainda suficiente, poderá ter influência no aumento da despesa que Portugal faz com subsídios de doença.

“O Orçamento do Estado irá despender em 2023 cerca de 800 milhões de euros só em subsídios de doença. É um crescimento bastante considerável não só em valor, mas também no número de beneficiários que passaram de 475 mil em 2012 para 628.000 em 2021”, salientou o economista.

O documento refere que em 2020 foram gastos 750 milhões em subsídios de doença, quando em 2010 esta despesa era de 417 milhões de euros.

Em média são atribuídos 64 subsídios de doença por cada mil habitantes por ano. No entanto, este valor é mais elevado nas regiões industriais do país (84,5) e mais baixo em Lisboa (58)

A maioria dos beneficiários são mulheres, particularmente no escalão mais baixo, com um rendimento até 250 euros por mês.

O relatório refere também que a esperança de vida de um português aos 65 anos está acima da média europeia, mas defende que “é necessário melhorar em termos de anos vividos com qualidade”.

A esperança média de vida aos 65 anos na Europa varia entre 15,1 e 21,2 anos, sendo que em Portugal é de cerca de 19,8 anos

“No entanto, apenas 7,8 destes anos serão considerados anos de vida saudável. Os restantes quase dois terços da sua vida serão vividos sem qualidade”, refere o estudo, assinalando que Portugal é o 8.º país com a menor proporção de anos de vida saudável aos 65 anos.