Manifestação ‘Uma casa para Viver’ divide esquerda em Braga

Quem este sábado pretendeu associar-se em Braga à manifestação ‘Uma casa para Viver’, deparou-se com um quadro, no mínimo, anedótico: um desentendimento de “última hora” resultou em duas concentrações distintas, ambas exigindo medidas urgentes e eficazes para o acesso ao mercado imobiliário.

Pelas 15h00, junto à Arcada, o palco pertencia aos movimentos Porta a Porta – Uma Casa para Todos e São Sempre os Mesmos a Pagar, tidos como próximos do PCP.

A uma centena de metros dali, no Coreto – o local para onde estava marcado originalmente o protesto -, o espaço era de cerca de duas dezenas de colectivos cujas ligações ao Bloco de Esquerda e ao movimento anarquistas são conhecidas.

Só uma hora depois da prevista, “o bom senso”, palavras de um activista, é que se impôs e os dois grupos, para evitar “mais vergonha”, concordaram em encontrar-se nas proximidades do Banco de Portugal e daí desfilarem juntos (mas com um carro de som a separá-los…) pelo centro da cidade.

O desentendimento, muito comentado por populares, deveu-se, segundo um responsável do grupo do Coreto, a “divergências políticas de última hora”.

Reconheceu ao PressMinho, que nas “últimas reuniões preparatórias do protesto já tinham sido visíveis algumas discordâncias, num ou noutro ponto do manifesto”.

“Não era necessário trazer estes desacordos para aqui. Uma tristeza, uma vergonha”, lamentou, admitindo que o que estava a acontecer “revela uma esquerda dividida”.  

No outro grupo, a preocupação era de controlar os danos provocados pela ruptura pública, tentando um entendimento para que o desfile junte ambas as partes e, assim, ultrapassar “uma situação muito estranha».

Uma hora depois esse ‘entendimento’ foi conseguido.

Ficou, no entanto, por perceber se as tais desavenças foram ultrapassadas ou se só se evitou um maior “escândalo” junto da opinião pública.

Assim, para a memória não fica as cerca de 1.500 manifestantes, mas a desavença, que um popular descreveu como “humilhante para quem aqui veio para defender o direito à habitação”.