A Secretária de Estado da Economia Social e Solidária e da Vida Associativa francesa posou para a capa da edição francesa da revista Playboy, à qual concedeu uma longa entrevista sobre os direitos da mulher.

Na próxima quinta-feira estará nas bancas o próximo número da Playboy, com destaque para a Secretária de Estado Marlène Schiappa. Um dossiê de 12 páginas é dedicado à Secretário de Estado, com várias fotos que alguns jornais franceses já viram. Numa delas, Marlène Schiappa posa com um vestido longo branco drapeado e decotado, combinado com brincos dourados, em frente a uma bandeira francesa. Noutra foto, ela ostenta um vestido creme com um grande laço e botins compensados. Por fim, na última foto, usa um vestido caicai com as cores da República Francesa: azul, branco e vermelho.

Na entrevista, concedida há várias semanas, a ex-Secretária de Estado para a Igualdade de Género fala da liberdade das mulheres no Afeganistão, da defesa do direito ao aborto, dos direitos LGBT+ no palco internacional, mas também da política e da literatura, disseram à AFP os seus familiares.

Para a editora da publicação, Marlène Schiappa é a “mulher política mais compatível com a Playboy porque está comprometida com os direitos das mulheres e entende que a Playboy não é mais uma publicação para machos velhos, mas poderia, ao contrário, ser um instrumento da causa feminista”, disse Jean-Christophe Florentin à AFP.

Mas num momento em que a França vive uma crise social na sequência da lei sobre a reforma das aposentações, o anúncio de que Schiappa aparecerá na Playboy está longe de ser unânime entre os membros do governo. “Alguns de nós estão tendo alucinações. Pensávamos que era o Dia da Mentira de antemão”, disse um peso-pesado do executivo à BFMTV. Esta televisão avança que o gabinete do Primeiro-Ministro não foi informado da entrevista da Secretária de Estado à Playboy.

“Se não foi validado por Matignon, devemos desejar-lhe que haja uma remodelação com mudança de primeiro-ministro para ter uma hipótese de saída digna”, indignou-se outro governante.

“Achei que era uma mentira de Primeiro de Abril”, criticou Ludovic Mendes, deputado eleito pela Mosela, em declarações à BFMTV, no sábado. “Posso entender a luta feminista, mas não vejo por que faríamos isso na Playboy. Existem outras formas de o fazer (…) existe um problema real sobre as mensagens que isto transmite”, acrescentou.

Outros, pelo contrário, defendem a escolha da Secretária de Estado, alegando modernidade. “A revista Playboy é conhecida por promover o tema dos direitos das mulheres? Acho que não, por isso é importante que possamos falar sobre esses tópicos também nesta revista. Não se trata de posar nua, mas ‘abordar assuntos importantes’, explicou Prisca Thévenot , porta-voz do Renaissance, de Emmanuel Macron, ao microfone da rádio France Info.