Depois de duas semanas consecutivas de descida no preço, o cabaz de bens alimentares essenciais voltou a subir. Na última semana, o aumento foi de praticamente um euro. Segundo a mais recente análise da Deco/Proteste, o cabaz alimentar considerado custava esta semana 226,98 euros euros, um aumento de 0,44% (mais 0,99 euros) face à semana anterior.

Assim, quando comparado ao mesmo cabaz comprado antes da guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022), o preço aumentou 43,35 (23,61%).

Desde o início do ano, e mesmo com o abrandamento da taxa de inflação, o cabaz já subiu 7,58 euros (mais 3,45%), sendo que comparando o valor desta semana com o mesmo cabaz comprado há um ano, o aumento é de 32,06 euros, ou seja, mais 16,45%.

A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.

Na última semana, os dez produtos com maiores subidas de preço foram os douradinhos de peixe e a pescada fresca (17%), o atum posta em azeite (7%), o atum posta em óleo vegetal, os cereais e a massa esparguete (6%), o salmão, a costeleta de porco e o arroz carolino (5%) e as ervilhas ultracongeladas (4%).

Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar desde o início da guerra na Ucrânia, ou seja desde 24 de fevereiro de 2022, foram o arroz carolino (91%), a cebola (82%), a polpa de tomate (75%), cenoura (74%), o azeite virgem (59%), o salmão (58%), a couve coração (52%), o açúcar branco (46%), o leite UHT meio gordo (44%) e a batata vermelha (43%).

A maior subida de preços, desde início da guerra na Ucrânia até agora, registou-se nas categorias de mercearia (27,59%, aumento de 11,63 euros) e de carne (25,65%, mais 8,27 euros).

A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).

“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.

O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um sector há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.

“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.