O Sporting de Braga venceu, este domingo, o Santa Clara por 5-3 e está perto de garantir o terceiro lugar da I Liga, num grande jogo da 32.ª jornada, em que os açorianos mereciam algo mais.

Último classificado e com a despromoção cada vez mais perto, o Santa Clara ‘vendeu cara’ a derrota, diante de um Sporting de Braga que ‘adormeceu’ na segunda parte e só ‘acordou’ nos minutos finais.

Os minhotos adiantaram-se no marcador por Ricardo Horta (10 minutos), tendo Matheus Babi empatado para o Santa Clara, no seu primeiro penálti (17).

Niakaté (35) e Abel Ruiz (45+5) deram nova vantagem aos bracarenses, que Matheus Babi reduziria em nova grande penalidade (70) e Boateng anulou (85), mas que Bruma repôs logo a seguir (87) e que Pizzi confirmou em definitivo (90+4).

Os minhotos colocaram-se a dois pontos do segundo lugar, ocupado pelo FC Porto, que recebe ainda hoje (20:30) o Casa Pia, e voltaram a ter quatro pontos de distância para o quarto classificado, o Sporting, precisando apenas de mais uma vitória para garantir o último lugar do pódio.

O treinador do Sporting de Braga apresentou quase o mesmo ‘onze’ com que se apresentou na Luz diante do Benfica (derrota por 1-0), na jornada passada, apenas sem Tormena e Borja, lesionados (jogaram Paulo Oliveira e Sequeira), e o do Santa Clara repetiu a equipa que venceu o Gil Vicente (3-2) e lhe deu uma réstia de esperança, que hoje ficou muito mais ténue, de ainda poder chegar ao play-off de manutenção.

Para isso acontecer, os insulares têm que vencer as duas últimas jornadas e esperar ‘tropeções’ de Paços de Ferreira e Marítimo.

O Sporting de Braga marcou cedo depois de uma bela jogada de entendimento pelo lado esquerdo entre Bruma e Iuri Medeiros, com assistência do último para um remate cruzado, já bem dentro da área, de Ricardo Horta.

O Santa Clara chegou ao empate pouco depois (17), por Matheus Babi, na conversão de uma grande penalidade, cuja falta de Paulo Oliveira o árbitro Vítor Ferreira apenas descortinou depois de visionar as imagens, alertado pelo VAR – grave desatenção da defesa ‘arsenalista’, já que Ricardinho se isolou após um pontapé de baliza do seu guardião.

O golo deu ânimo aos açorianos, que ficaram perto do segundo aos 27 minutos, após um cruzamento ‘venenoso’ da esquerda de Bruno Almeida, a que Matheus se opôs de forma decisiva.

O Sporting de Braga serenou o seu jogo e voltaria a colocar-se em vantagem por Niakaté, após uma entrada fulgurante de cabeça, dando a melhor sequência a um cruzamento tenso de Sequeira (35).

O terceiro golo surgiu em cima do intervalo (45+5): grande passe de Bruma a isolar Abel Ruiz, o avançado espanhol fintou o guarda-redes e atirou a contar (45+5).

A segunda parte abriu com três boas ocasiões para o Santa Clara marcar, todas protagonizadas por Gabriel Silva: nas duas primeiras, Matheus opôs-se bem ao ‘tiro’ de fora da área e à tentativa de ‘chapéu’ (47 e 49) e, na última, o avançado brasileiro atirou ao lado, após uma grande iniciativa de Ricardinho.

Pelo meio, aos 49 minutos, Ricardo Horta obrigou Gabriel Batista a uma grande defesa. Aos 58 minutos, o guarda-redes do Santa Clara voltou a estar em evidência, ao parar um remate de um isolado Iuri Medeiros.

O Santa Clara não desistia de reduzir e, aos 60 minutos, foi novamente perdulário – Boateng, após canto, cabeceou contra Matheus. Dois minutos depois, igualmente na sequência de um canto, o guarda-redes dos bracarenses voltou a salvar com uma enorme defesa a cabeceamento de Ygor Nogueira.

A equipa açoriana reduziu mesmo, com um segundo penálti também cobrado por Mahteus Babi, em nova falta de Paulo Oliveira (70), e empatou, com Boateng, após um lançamento lateral, a cabecear sem apelo para Matheus (85).

O Santa Clara acreditou que era possível ganhar o jogo e deixou muito espaço para a arte de alguns jogadores bracarenses, como Iuri Medeiros, que assistiu Bruma com um grande passe para o quarto golo.

O quinto golo chegou nos descontos, com Bruma, no início da jogada, e Pizzi, na sua definição e conclusão, a mostrarem todos os seus dotes técnicos (90+4).

Declarações de Artur Jorge, treinador do Sp. Braga, na sala de imprensa do Estádio Municipal de Braga, após o triunfo (5-3) frente ao Santa Clara:

«Acima de tudo tivemos a resposta que queria e esperava, que era de voltar a ganhar. Fomos passando a mensagem que era importante voltar a este registo, e sabíamos que o jogo ia ter isto, uma equipa do Santa Clara despreocupada com a organização, porque procurava pontuar, mas fomos alternando bons período com períodos menos bons, ainda que com mais qualidade. Na segunda parte permitimos uma reação, em dois lances que não podemos permitir, um penálti e um lançamento. Mas, tivemos uma reação tremenda, cheia de paixão, de alma, de ambição. Tem sido a bandeira deste Braga».

[Significado do festejo do golo do Pizzi] «Significa consolidarmos a vantagem e ganhar o jogo depois de nos vermos empatados a cinco minutos dos noventa. Significa a vontade que temos em ganhar e o que temos de positivo nesta fase final da época, em ficar mais próximo do objetivo e depois a final da Taça de Portugal, em que queremos manter este registo».

[Postura ofensiva do Santa Clara surpreendeu?] «Tivemos dificuldade em controlar o jogo direto. Apesar de termos falado sobre esse momento, não fomos tão capazes de os controlar. Rapidamente o Santa Clara tentou por a bola na nossa área, preparámos o jogo sabendo que este Santa Clara não tinha nada a perder e ia dividir o jogo e até partir o jogo, se fosse necessário. Alternámos a qualidade com a menor qualidade quando fomos menos intensos, mas uma palavra de gratidão para os nossos adeptos, que quando baixámos um ajudaram-nos a reagir e a ganhar o jogo».

[Para além do segundo penálti e do lançamento sofre um primeiro penálti num pontapé de baliza. É o que tira de pior do jogo?] «Não só o facto de sofrermos três golos, o que é mau para o nosso registo e desempenho defensivo, mas pela forma como aconteceram. Não estivemos tão bem nisso, mas a positividade deste grupo permitiu ganhar, com toda a justiça. Sofremos mais do que o que queríamos, mas acabamos ter uma vitória justa, com grande empenho e muito trabalho dos meus jogadores».

Declarações de Accioly, treinador do Santa Clara, na sala de imprensa do Estádio Municipal de Braga, após a derrota (5-3) frente ao Sp. Braga:

«Quem precisava da vitória como nós precisávamos, faltou-nos mais maturidade para controlar aquele momento do jogo [quarto golo sofrido]; não o fizemos e paga-se caro contra estas equipas. De realçar os jogadores, foram impecáveis, não só hoje, mas já o têm sido. Tive oportunidade de dizer antes do jogo que jornada após jornada têm vindo a crescer, e é de os valorizar. Têm dado tudo na semana de trabalho, poucas equipas fizeram o que nós fizemos aqui, marcar três golos, se não em engano foi o Sporting e a Fiorentina é que o fizeram. Realço a postura e a entrega dos jogadores».

[Quando estava 3-3 acreditou que era possível vencer?] «A nossa missão era a vitória. Ao intervalo disse aos jogadores que o resultado era um pouco enganador. É natural que existam altos e baixos no jogo, o adversário tem o seu valor, mas o resultado é um bocado pesado pelo que fizemos. Cabe-nos a nós focar no próximo jogo, a luz permanece acesa ao fundo do túnel e acreditamos nela e contamos com o apoio do povo açoriano».

Ficha de Jogo

Estádio Municipal de Braga.

SC Braga – Santa Clara, 5-3.

Ao intervalo: 3-1.

Marcadores:

1-0, Ricardo Horta, 10 minutos.

1-1, Matheus Babi, 17 (grande penalidade).

2-1, Niakaté, 35.

3-1, Abel Ruiz, 45+5.

3-2, Matheus Babi, 70 (grande penalidade).

3-3, Boateng, 85.

4-3, Bruma, 87.

5-3, Pizzi, 90+4.

Equipas:

– SC Braga: Matheus, Victor Gómez, Paulo Oliveira, Niakaté, Sequeira, Racic (Gorby, 66), André Horta (Pizzi, 66), Iuri Medeiros (Pedro Santos, 88), Bruma, Ricardo Horta e Abel Ruiz (Banza, 84).

(Suplentes: Tiago Sá, Joe Mendes, Serdar, Gorby, Pedro Santos, Pizzi, Rodrigo Gomes, Roger e Banza).

Treinador: Artur Jorge.

– Santa Clara: Gabriel Batista, Pierre Sagna (Nanu, 60), Ygor Nogueira, Boateng, MT (Rildo Filho, 85), Bruno Jordão (Kento Misao, 78), Adriano, Ricardinho (Paulo Henrique, 85), Bruno Almeida (Andrezinho, 60), Gabriel Silva e Matheus Babi.

(Suplentes: Ricardo Fernandes, Paulo Henrique, Andrezinho, Nanu, Rildo Filho, Kento Misao, Ítalo, Bobsin e Tagawa).

Treinador: Danildo Accioly.

Árbitro: Vítor Ferreira (Porto).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Paulo Oliveira (15), Gabriel Silva (21), Ygor Nogueira (42), Ricardinho (65), Niakaté (79), Bruma (88) e Nanu (90+2).

Assistência: 16.442 espetadores.