Os 16 países da União Europeia (UE) membros da aliança pró-energia nuclear liderada pela França apelaram à UE para que se empenhe num plano de ação que integre, em primeiro lugar, o nuclear na sua estratégia energética
Numa declaração conjunta aprovada hoje em Paris, os membros da aliança, reunidos na terceira sessão, definiram como objetivo comum assegurar a descarbonização, a segurança energética e a estabilização da rede elétrica, bem como “promover melhores condições para o desenvolvimento e a implantação de novas capacidades nucleares na UE, incluindo um melhor acesso ao financiamento”.
Seguindo as próprias estimativas da aliança, a capacidade de produção nuclear na UE poderia aumentar dos atuais 100 gigawatts (GW) para 150 GW até meados do século, graças a 30 a 45 novos reatores.
Os membros da aliança são a Bélgica, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Estónia, Finlândia, França, Hungria, Países Baixos, Polónia, República Checa, Roménia e Suécia. A Itália participou na reunião como observador e o Reino Unido como convidado.
Agnès Pannier-Runacher, ministra da Transição Energética francesa, anfitriã e principal promotora da reunião, sublinhou que “o objetivo é preparar um roteiro sobre a forma como a energia nuclear nos ajudará a atingir as metas de neutralidade carbónica nos próximos 30 anos”.
A aliança nuclear foi formada em torno da França, com uma primeira reunião em Estocolmo, a 28 de fevereiro, para fazer valer, nas negociações da UE, os interesses dos países que pretendem continuar a explorar reatores nucleares a longo prazo ou construir novos equipamentos.
Para Paris, trata-se de um instrumento de influência face a outros membros da União, como Alemanha, Espanha e Áustria, que recusam que a energia nuclear beneficie, por exemplo, dos mecanismos de financiamento europeus, argumentando que contribui para a descarbonização da economia.
Segundo a aliança, os países signatários apelam igualmente à UE para que aprove uma ação comum em questões relacionadas com a segurança das centrais nucleares e a gestão dos resíduos por elas gerados, e sublinham a forma como a energia nuclear pode contribuir para a industrialização e a soberania europeias.
No que respeita a este último aspeto, um dos desafios consiste em reduzir a dependência das importações russas para o fornecimento de equipamento e combustível para as centrais nucleares (várias delas nos países centrais e orientais são de tecnologia soviética ou russa) e também para a reciclagem de resíduos.