Um menino de 11 meses morreu após seis horas de espera por uma transferência hospitalar. Saiba aqui tudo o que aconteceu.

Um bebé de 11 meses morreu, na sexta-feira, no Hospital de Portimão, enquanto aguardava por uma transferência hospitalar para a unidade de cuidados intensivos pediátrica do Hospital de Faro. A notícia, avançada pela CNN Portugal, dava conta de que em causa esteve uma espera de, pelo menos, seis horas, que levou a que o menino entrasse em paragem cardiorrespiratória à saída da unidade hospitalar.

Mas o que levou, ao certo, ao óbito deste bebé? A criança teria, até, ido às urgências do mesmo hospital dois dias antes do óbito, segundo a informação avançada pelo JN. Nesse momento, ter-lhe-à sido diagnosticada uma bronquite, sendo-lhe receitado antibiótico. A criança recebeu, no mesmo dia, alta hospitalar.

Os pais da criança optaram por voltar a levá-la ao Hospital de Portimão na sexta-feira, devido ao agravamento dos sintomas. Segundo o JN, o menino, já entubado e em estado grave, não resistiria a um derrame do pericárdio.

O caso foi alvo de uma reação imediata por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que, por via de uma fonte citada pela agência Lusa, explicou que quando as equipas se preparavam para transportar o bebé para o hospital de Faro de helicóptero, o seu estado clínico agravou-se, tendo a criança acabado por morrer ao final da tarde.

Pela mesma via, o INEM esclareceu que recebeu um pedido do hospital de Portimão às 14h18 para transporte de uma criança de 11 meses para uma unidade de cuidados intensivos pediátricos, encontrando-se o bebé “devidamente acompanhado” pelas equipas de Pediatria da unidade de saúde.

“Encontrando-se o hospital de Faro sem Pediatria e com a Ambulância de Transporte Inter-hospitalar pediátrico (TIP) inoperacional por falta de médico do hospital, e a TIP Lisboa ocupada noutra missão de emergência médica, o INEM iniciou depois os procedimentos necessários com vista ao acionamento do helicóptero do Algarve, acionamento este que foi efetivado pouco depois das 15h00”, lê-se numa nota do instituto enviada à Lusa.

Já no Hospital de Portimão, quando se preparavam para iniciar o voo para Faro, “o bebé sofreu um agravamento do seu estado clínico que impediu o transporte e obrigou a equipa a regressar, pelas 17h45, ao hospital de Portimão”. O óbito acabou não conseguir ser evitado mais tarde.

Ministério da Saúde diz que “todos os meios” foram garantidos

O Ministério da Saúde, por sua vez, também já reagiu ao incidente, garantindo que todos os meios foram colocados à disposição neste caso – e reforçando a tese de que o transporte terá falhado devido ao agravamento do seu estado clínico.

“Todos os meios clínicos e técnicos foram colocados à disposição, em articulação permanente com o INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica], mas, infelizmente, na altura em que o helitransporte ia concretizar a transferência inter-hospitalar, o bebé sofreu um agravamento do seu estado, incompatível com o transporte”, disse à Lusa fonte do ministério.

Na perspetiva da tutela, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) “tinha condições para dar resposta” a este caso, sustentando que foi delineado foi uma transferência interna dentro da instituição.

Já o Sindicato dos Técnicos de Emergência pré-Hospitalar referiu, em declarações à CNN Portugal que havia outras opções, nomeadamente, ativar outras equipas de serviço para se deslocar de helicóptero. “Podia ser a de Lisboa, a de Coimbra, no limite, até do Porto podiam fazê-lo”, referiu. 

“Alguém do INEM ou do centro de orientação de doentes urgentes terá assumido e tomado essa decisão [de não ativar a opção acima referida]. Desconhecemos por que razão aconteceu desta vez, o que há-de requerer uma investigação”, explicou o responsável, Rui Lázaro, dizendo também que ativar outra equipa seria a a opção mais “rápida e com a garantia de que funcionaria” o transporte da criança.