Os trabalhadores do grupo Transdev, que opera no Norte e Centro do país, iniciaram à meia-noite uma greve de 48 horas, a maior deste ano, concentrando-se às 09:00 nas instalações do Pinheiro, em Guimarães.
Trata-se da quinta greve do grupo Transdev este ano, e a maior, já que as quatro anteriores, todas convocadas pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), tinham sido de 24 horas.
José Manuel Silva, coordenador do STRUN, disse à Lusa que os trabalhadores não vão assinar o Acordo de Empresa proposto pelo grupo.
Numa reunião tida dia 05 de maio com a administração, “a empresa disse que não tinha mais nada para oferecer, simplesmente queria que nós assinássemos aquilo e depois para janeiro poderíamos discutir o resto que os trabalhadores pretendem”, de acordo com o sindicalista.
Questionada pela Lusa, a Transdev afirma que “solicitou ao STRUN que se voltasse a sentar à mesa junto com os demais representantes sindicais, para continuar a melhorar o acordo”, algo que o sindicato “não aceitou”.
“A empresa lamenta a indisponibilidade do STRUN para o diálogo, uma vez que é esse o caminho único para a obtenção de progresso e valorização dos trabalhadores, por parte das estruturas representativas junto das empresas”, refere a Transev, que afirma manter-se “sempre aberta a esse diálogo, logo que o STRUN decida dar a esta plataforma uma oportunidade”.
Em causa, segundo José Manuel Silva, já não estão os aumentos salariais, que chegaram às pretensões dos trabalhadores, mas “agora faltam as regalias que os trabalhadores perderam”.
A Transdev, por seu lado, recordou que “assinou um acordo coletivo com os representantes de todos os sindicatos, nomeadamente Fectrans (CGTP), SNMOT e STTANP em julho de 2022”, não subscrito pelo STRUN.
“Para 2023, o acordo evoluiu com aumentos salariais superiores a 8%, redução de tempo de trabalho, acesso a transporte e outros benefícios para os trabalhadores. O STRUN optou por não participar na mesa negocial”, refere a empresa.
Questionado sobre se falta pouco para chegar a acordo entre as partes, José Manuel Silva disse não saber, mas se a aproximação da empresa “não for suficiente, é para continuar” a luta.
O grupo Transdev tem uma operação repartida por pelo menos 14 empresas e consórcios no Norte e Centro, região na qual tem uma maior presença, segundo dados consultados pela Lusa.
A Norte, além de autorizações provisórias, a Transdev já opera, ao abrigo dos novos concursos públicos de transporte rodoviário de passageiros, em três comunidades intermunicipais (Cávado, Ave e Tâmega e Sousa), e operará num dos cinco lotes definidos para a Área Metropolitana do Porto (AMP).
No Centro, a empresa tem maior presença no transporte intermunicipal nas comunidades intermunicipais (CIM) da Região de Coimbra, Viseu Dão Lafões e Beira Baixa, e concentra 42% da despesa nas Beiras e Serra da Estrela.
Além do transporte intermunicipal, a Transdev opera ainda várias linhas de cariz municipal (por exemplo, em Aveiro e Covilhã) e transporte escolar.