Os líderes da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), bloco económico composto por oito países da África Oriental, apelaram hoje à coordenação entre os diferentes parceiros internacionais para garantir a resolução do conflito que assola o Sudão.

Na abertura da 14.ª cimeira ordinária dos chefes de Estado e de Governo da IGAD, em Djibuti, o secretário-executivo da IGAD, Workneh Gebeyehu, sublinhou a necessidade de “coordenação” entre todos os “esforços e iniciativas de paz para avançar na mesma direção”.

Além do anfitrião, o Presidente do Djibuti, Ismail Omer Guelleh, participaram na cimeira os homólogos do Quénia, William Ruto, da Somália, Hassan Sheik Mohamud, e do Sudão do Sul, Salva Kiir, bem como o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Uganda, Jeje Odongo, e da Eritreia, Osman Saleh, e o vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, Malik Agar.

“As ramificações para a nossa região e para o mundo de um conflito prolongado no Sudão são inimagináveis”, alertou Workneh, sublinhando que a organização e os países da região têm “o mandato, os meios e os mecanismos para levar as partes à mesa das negociações”.

A IGAD faz parte, juntamente com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Africana (UA), do mecanismo tripartido que patrocinou o diálogo para uma transição política no Sudão após o golpe de outubro de 2021 e antes do início da atual crise.

O bloco também criou um comité liderado pelo Presidente do Sudão do Sul e incluindo os homólogos do Quénia e do Djibuti para encorajar o diálogo entre as partes em conflito no Sudão, o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês).

“Isto demonstra a nossa determinação coletiva em alcançar uma resolução pacífica na República do Sudão. Aguardamos com expectativa o relatório do comité de alto nível e o projeto de roteiro para a paz no Sudão”, afirmou o secretário-executivo.

Também presente na cimeira esteve o presidente da Comissão da UA (secretariado), Moussa Faki Mahamat, que sublinhou que devem ser os próprios sudaneses a “conceber, planear e liderar” um diálogo nacional inclusivo no país.

“A nossa mobilização solidária com eles será lançada a seu pedido, segundo as modalidades que eles escolherem livremente para o seu próprio destino”, acrescentou Mahamat, depois de o vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, cujo país detém a presidência rotativa da IGAD, ter sublinhado este aspeto no seu discurso.

“A sessão à porta fechada (da cimeira) permanecerá sujeita aos princípios da IGAD de igualdade dos Estados” e de “não interferência”, disse Agar.

O conflito no Sudão eclodiu em 15 de abril, após os dois líderes do país não terem conseguido chegar a um acordo sobre a integração das RSF no exército.

Além de milhares de feridos, o conflito já causou pelo menos 850 mortos e obrigou 1,6 milhões de pessoas a fugirem das suas casas para escapar à violência, muitas para países vizinhos, segundo a ONU.