A líder do BE considerou hoje não ser possível fingir que a saúde pública está “sequer a sobreviver”, acusando o Governo de desistir do SNS porque “insiste em remendos” e escolhe o lado oposto dos profissionais, utentes e especialistas.
Na interpelação do BE ao Governo sob o tema “O povo merece + SNS”, Mariana Mortágua avisou que “sem o recurso a normas ilegais sobre o trabalho aos tarefeiros e sem a contratualização com os privados, muitos dos serviços do SNS deixarão de funcionar”.
“Não é mais possível fingir que a saúde pública está bem, ou sequer a sobreviver. Perante a clareza das evidências, acusamos o Governo de desistir do SNS, porque insiste em remendos, porque vira a cara aos alertas de Arnaut e Semedo”, acusou.
A líder do BE criticou ainda o Governo socialista por “escolher o lado oposto ao dos profissionais, utentes e especialistas que se unem e mobilizam para apontar prioridades e soluções”.
“Senhoras e senhores deputados do Partido Socialista: o vosso Governo preferiu provocar eleições há um ano a aceitar um compromisso para salvar o SNS e para responder ao apelo de Arnaut e Semedo. O PS ganhou as eleições, ganhou a maioria absoluta e o que fez com essa vitória”, questionou.
Na opinião de Mariana Mortágua, não foram dados os “passos essenciais para salvar o SNS do fim vaticinado por António Arnaut e João Semedo”, sendo isso que levou o BE a agendar esta interpelação, na qual o Governo se faz representar pela secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, lamentando a ausência do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que “preferiu ir visitar a obra que já visitou há dois meses”.
“Quantos alertas fizemos sobre a desorçamentação, o subfinanciamento e o desinvestimento no SNS? Quantas vezes foi aqui apontado que não tem sentido que o governo continue a argumentar que não faltam nem dinheiro nem profissionais no SNS? Quantos gráficos foram empunhados pelo primeiro-ministro para tentar mostrar o que o país sabe que é falso, porque faltam mesmo médicos, faltam enfermeiros, faltam farmacêuticos, faltam técnicos superiores e auxiliares?”, sustentou.
Em relação aos cuidados de saúde primários, o BE lamentou o facto de “milhares de pessoas” abandonadas pelo Governo “quando se esqueceu a promessa de garantir médico de família a todos os utentes”.
“Não há recursos para assegurar o funcionamento de toda a rede do SNS, que se vai tornando mais irrelevante, mas as necessidades estão aqui e por isso o ministro contratualiza com privados o trabalho que as maternidades públicas não conseguem assegurar”, lamentou.
Para Mariana Mortágua, “o Governo desiste de cada vez que desrespeita os profissionais de saúde e os utentes, apresentando medidas que não passam de remendos aflitos que vai encontrando para a manta de retalhos em que se tornou o SNS”.
“O Governo desiste sempre que manipula dados e argumentos para fingir que tudo está bem”, condenou.
Na reta final da sua intervenção, a líder do BE apresentou três prioridades – para as quais elencou depois as soluções que o partido defende -, estando entre elas “atribuir médico e equipa de família a todas as pessoas”, “aumentar a resposta do serviço público em todo o território e nas várias especialidades e acabar com os encerramentos rotativos de urgências e serviços” e um SNS “centrado nos utentes”.