A associação de transportadores pesados de passageiros classificou hoje como inaceitável que, a um mês do início da Jornada Mundial da Juventude, ainda não exista um plano de mobilidade aprovado, manifestando vontade de apresentar soluções ao Governo.

Representando 180 empresas de transporte coletivo, a Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP) considerou, em comunicado, que a data apontada na quinta-feira pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares para apresentar o plano é “manifestamente tarde”.

“Será um período de tempo muito curto, sendo de lamentar que, desde o início do ano, tenhamos contactado o Secretaria de Estado da Mobilidade Urbana, manifestando a nossa disponibilidade para colaborar e apresentando soluções, sem que tenha havido qualquer resposta por parte do Governo”, indicou, ressalvando que “restarão somente 15 dias de preparação para o evento” e “não dará margem para eventuais correções”.

A ministra Ana Catarina Mendes anunciou, em conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, que o plano de mobilidade da Jornada Mundial de Juventude (JMJ) será divulgado entre 10 e 14 de julho para que haja tempo de os cidadãos perceberem as decisões das forças de segurança e das câmaras municipais em relação a artérias que ficarão condicionadas na semana de 01 a 06 de agosto.

“As empresas de transporte de passageiros estão extremamente preocupadas, pois não sabem onde podem tomar e largar os peregrinos, parquear os autocarros, regras, horários, (…), o que impossibilita a planificação dos inúmeros serviços que têm programados”, sustentou a ARP.

A associação observou ainda que vai ser “extremamente difícil” dar resposta a todos os serviços, uma vez que as empresas terão de conciliar os horários da JMJ com o dos motoristas, que são escassos.

“A ARP lembra que não existe rede de metro junto ao palco principal (…), o que causará grandes constrangimentos em termos de mobilidade. É incompreensível que se faça um plano de mobilidade sem se ouvir quem tem ‘know-how’ na matéria e experiência de participação noutros eventos internacionais de grande dimensão”, frisou.

O organismo explicou também que não foi ouvido e que está “tudo a ser a ser feito sem a audição e a colaboração de quem é mais interessado e vai trabalhar no terreno”, afirmando que “ninguém melhor do que as associações que representam os transportadores sabe as necessidades de circulação e aparcamento de um veículo pesado”.

Preocupada com a “imagem de Portugal no mundo”, a ARP mostrou-se “totalmente disponível para ajudar o Governo nesta matéria” e prometeu que os seus associados “tudo farão para minimizar o eventual impacto negativo que possa ser acarretado pelo facto de o plano de mobilidade ser feito tão em cima do joelho e ser apresentado tão em cima da hora”.

Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se entre 01 e 06 de agosto em Lisboa, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

A JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

A edição deste ano contará com a presença do Papa Francisco, que estará em Portugal entre 2 e 6 de agosto.

A JMJ de Lisboa esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.