O Supremo Tribunal sueco rejeitou hoje duas extradições solicitadas pela Turquia, pedidos que Ancara associava ao apoio à entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A Turquia pede a extradição de duas pessoas por “participação numa organização terrorista”, sob o argumento destas pertencerem ao movimento associado ao clérigo turco exilado nos Estados Unidos Fethullah Gulen, que Ancara considera responsável por uma tentativa de golpe de Estado em 2016.
O pedido turco sublinha que as duas pessoas, que têm o estatuto de refugiado na Suécia, instalaram uma aplicação utilizada pelos membros do movimento.
Segundo a decisão do Supremo Tribunal sueco, descarregar a aplicação, por si só, não constitui uma participação na organização, que é punível ao abrigo da legislação antiterrorista sueca.
As duas pessoas, argumentou também a alta instância sueca, “correm o risco de serem perseguidas” se forem extraditadas.
A decisão final sobre a extradição cabe ao Governo sueco, mas este é obrigado a seguir os acórdãos do Supremo Tribunal, mesmo no caso de se lhes opor.
A decisão é suscetível de irritar Ancara, depois das numerosas tensões em torno da adesão da Suécia à NATO.
A Turquia acusa a Suécia de ser demasiado indulgente com os militantes curdos ou ‘gulenistas’ que se refugiaram no país escandinavo, uma das razões invocadas para atrasar a entrada de Estocolmo na NATO.
Apesar da “luz verde” de Erdogan, anunciada na segunda-feira antes da cimeira da Aliança Atlântica em Vilnius, ainda há algum caminho a percorrer.
Na quarta-feira, o presidente turco afirmou que a ratificação só deverá acontecer em outubro, após as férias de verão do parlamento turco.
Mas alguns incidentes podem ainda fazer descarrilar o processo. Ancara, por exemplo, indignou-se várias vezes nos últimos meses com o facto de a Suécia ter autorizado a queima do livro sagrado do Islão, o Corão, durante manifestações públicas em território sueco