A “questão dos transportes entre os concelhos de Braga e de Guimarães exige uma outra metodologia que vá para além do anúncio ou do projeto incompleto do agora tido como a única solução, o BRT-Bus Rapid Transit”, afirmam os deputados municipais António Lima, da Assembleia de Braga e Sónia Ribeiro, da Assembleia de Guimarães.
Em nota de imprensa, o BE defende que “para o futuro do território e para a coesão territorial e social, o investimento na ferrovia, há tanto tempo falado e desejado pelas populações, é essencial”.
E acrescenta: “Este investimento implica que as Comunidades Intermunicipais do Cávado e do Ave integrem um plano conjunto e alargado de mobilidade, com aposta na ferrovia, a qual, no médio prazo e atendendo à durabilidade, representa um consideravelmente menor investimento público se as contas forem feitas a 50 anos ou até mesmo a 30”.
“O Bloco de Esquerda defende mudanças estruturais e de longo alcance, que em termos de ferrovia, quer em termos de metro de superfície, num investimento ao longo do tempo, faseado, sem descurar que as populações, no entretanto, continuam a precisar de transporte”, afirma.
BRT melhor que nada
Na opinião de António Lima, deputado municipal do BE, para os habitantes da cidade de Braga, “o BRT é melhor do que nada pois, uma vez que já tem financiamento no âmbito do PRR, terá de ser concretizado”.
“O problema”, disse, “está na sua implementação, já que as dúvidas são muitas e as respostas quase nenhumas quanto ao projeto. Além do mais, esta solução tornará inviável outras soluções mais sustentáveis, a médio prazo, como o são a ferrovia ou o metro de superfície”.
Acresce que, “não está articulada com um plano geral de mobilidade na cidade e no concelho de Braga que tenha em vista a redução do número de automóveis que todos os dias entram e saem da cidade, a valorização dos modos suaves de mobilidade e dos corredores contínuos dedicados para autocarros”.
BRT inviabiliza estrada 101
Já no caso de Guimarães, Sónia Ribeiro refere que “a solução do BRT entre Guimarães e Braga irá inviabilizar a estrada nacional 101 ou que a alternativa de via dedicada será muito mais cara do que é anunciado”.
Para esta deputada municipal, “a ferrovia é essencial e estratégica para o território e para a deslocação de pessoas e de mercadorias, não só no que diz respeito à criação da linha entre Guimarães e Braga, como também a reativação das linhas ferroviárias encerradas, tal como previsto no Plano Ferroviário apresentado pelo Bloco de Esquerda, na Assembleia da República, em maio de 2019.
Em maio de 2019, o Bloco de Esquerda apresentou um Projeto-Lei que criava um Plano Ferroviário Nacional e previa a recuperação das linhas encerradas e a ligação entre Braga e Guimarães. Este plano não foi aprovado graças aos votos contra do PS, do PSD e do CDS.