Artur Feio acusa gestão da empresa municipal de águas e resíduos de Braga de falta de acompanhamento e elevado custo

O vereador do PS na Câmara de Braga, Artur Feio, criticou duramente a gestão da empresa municipal Agere, acusando-a de operar sem fiscalização adequada. Na reunião quinzenal do executivo, Feio destacou o serviço de varredura de ruas, que custou cerca de 6,8 milhões de euros em 2023, afirmando que este valor, equivalente a meio milhão de euros por mês, não é sujeito a escrutínio.

“Meio milhão por mês é muito, muito dinheiro. E não há qualquer escrutínio ou fiscalização. É acreditar todos uns nos outros, tudo isto é à pai Adão,” disse o vereador socialista, sugerindo que a falta de fiscalização é uma das razões para os lucros elevados da Agere.

A Agere, empresa responsável pela gestão de águas, efluentes e resíduos em Braga, foi transformada em empresa pública municipal em 1999. Em 2005, o consórcio Geswater adquiriu 49% do capital social da empresa, passando a gerir a sua atividade em parceria com a Câmara Municipal.

Presente na reunião, o administrador da Agere, Rui Morais, considerou “inadmissível” a acusação de falta de fiscalização, lembrando que a administração da empresa inclui dois vereadores que garantem o cumprimento dos compromissos. Morais justificou o aumento do custo da varredura de 5,2 milhões de euros em 2022 para 6,8 milhões de euros em 2023 com a subida dos salários dos trabalhadores.

Artur Feio também acusou a Agere de ter perdido um financiamento comunitário de 9 milhões de euros para uma nova estação de tratamento de águas residuais por não cumprir prazos, mas o presidente da Câmara, Ricardo Rio, negou a alegação, assegurando que um financiamento “muito superior” será obtido.

Outro ponto de discórdia foi uma ação judicial alegadamente movida pelo acionista privado para reclamar uma dívida de 30 milhões de euros, acrescida de 11 milhões de euros de juros. Rui Morais esclareceu que a ação foi movida pela Agere e que a dívida da Câmara, segundo os cálculos até 2022, é de 3,9 milhões de euros.

O PS votou contra o Relatório de Contas Consolidadas do município devido à situação da Agere e à falta de aprovação das contas de 2023 pela administração da empresa. A proposta socialista para retirar este ponto da ordem de trabalhos foi rejeitada, e o documento foi aprovado com os votos do PSD e do CDS, enquanto o vereador da CDU se absteve.