Cerimónia inclui discursos de partidos e do Presidente da República, mas gera controvérsia quanto à interpretação histórica da data.
A Assembleia da República celebra hoje os 49 anos do 25 de Novembro de 1975, numa sessão solene que segue o modelo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, mas que enfrenta críticas de vários setores da esquerda parlamentar.
A sessão solene, com início previsto para as 11h00, contará com intervenções de todos os partidos representados no parlamento, exceto do PCP, que decidiu não participar. Os discursos terão uma duração de cinco minutos e meio para cada grupo parlamentar, exceto para a deputada única do PAN, que disporá de dois minutos. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, não estarão sujeitos a limitações de tempo nos seus discursos.
A cerimónia inclui honras militares, o hino nacional tocado duas vezes, e o parlamento será decorado com arranjos florais (mas sem os tradicionais cravos vermelhos).
Esta é a primeira vez que o parlamento organiza uma comemoração oficial do 25 de Novembro, data associada à estabilização democrática e ao fim da radicalização revolucionária pós-25 de Abril. A celebração foi aprovada por PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS, com oposição de todas as bancadas da esquerda.
O PCP não participará, considerando que a sessão pretende “relançar a ofensiva contrarrevolucionária contra Abril”. O Bloco de Esquerda estará presente apenas com um deputado, que discursará para denunciar o que considera ser uma tentativa de “desvalorização do 25 de Abril”.
A Associação 25 de Abril, liderada por Vasco Lourenço, também recusou o convite, afirmando que a data não deve ser equiparada ao 25 de Abril e alertando contra a “deturpação da História”. Antigos membros do Grupo dos Nove, como o general Pedro de Pezarat Correia e o coronel Rodrigo de Sousa e Castro, também declinaram o convite.
O Contexto do 25 de Novembro
O 25 de Novembro de 1975 é uma data controversa na história portuguesa, marcada por uma operação militar liderada por Ramalho Eanes, que pôs fim ao período de instabilidade política e social iniciado após a Revolução dos Cravos. Para os seus defensores, a data representa o retorno à estabilidade democrática; para os críticos, é vista como o início de uma ofensiva que teria enfraquecido os ideais da revolução.