Encerramento da fábrica surge após aquisição pelo grupo italiano Mastrotto
O grupo Coindu, especializado em componentes interiores para automóveis, confirmou o encerramento da sua fábrica em Arcos de Valdevez até ao final de 2024, decisão que levará ao despedimento de 350 trabalhadores. A empresa anunciou também ter devolvido integralmente os 3,9 milhões de euros recebidos do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR), destinados à recuperação económica pós-pandemia.
Desafios no setor automóvel e impactos no mercado
Num comunicado divulgado na terça-feira, o CEO da Coindu, António Cândido, explicou que a decisão foi tomada após uma análise das condições de mercado, marcada pelo declínio da procura no setor automóvel pós-pandemia e pela concorrência de mercados com custos de mão de obra mais baixos.
“Esta situação conduziu a uma redução gradual dos projetos atribuídos à nossa unidade em Arcos de Valdevez, tornando insustentável a sua continuidade”, afirmou António Cândido.
Apesar de esforços para captar novos projetos e oportunidades, o grupo considerou inevitável a cessação das operações desta unidade.
Devolução antecipada do apoio do PRR
A empresa revelou ainda ter reembolsado o valor do empréstimo de 3,9 milhões de euros do PRR antes do prazo previsto, em outubro de 2024, apesar das dificuldades financeiras. Este apoio tinha sido concedido em 2022 para ajudar a empresa na recuperação pós-covid.
Sindicato denuncia ilegalidade no processo
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) denunciou a falta de consulta aos trabalhadores sobre o encerramento, considerando o processo “ilegal” e criticando a ausência de intervenção das autoridades competentes.
“Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade”, afirmou o SIMA em declarações à agência Lusa.
Impacto da aquisição pelo grupo Mastrotto
O encerramento da fábrica ocorre cerca de um mês após a compra da Coindu pelo grupo italiano Mastrotto, que, segundo a administração, tem como objetivo estabilizar a situação financeira da empresa, aumentar a sua competitividade e explorar novas oportunidades internacionais.
O encerramento desta unidade representa um duro golpe para a economia local de Arcos de Valdevez, ficando agora os trabalhadores e sindicatos a aguardar medidas para minimizar os impactos sociais e económicos desta decisão.