Vitória por 2-1 em jogo ‘cinzento’ dá lugar nos ‘quartos’ frente ao Benfica
O SC Braga apurou-se esta terça-feira para os quartos de final da Taça de Portugal ao vencer o Lusitano de Évora, do Campeonato de Portugal, por 2-1, no Estádio Municipal de Braga. Apesar do triunfo, a exibição dos minhotos ficou longe de convencer os adeptos presentes.
Os golos do Braga foram apontados pelos irmãos André Horta (22’) e Ricardo Horta (44’), enquanto o Lusitano reduziu a desvantagem aos 84 minutos, com Afonso Sousa a aproveitar um livre para fazer o 2-1. A vitória marcou o regresso dos bracarenses aos triunfos em casa, algo que não acontecia desde 28 de novembro, quando venceram o Hoffenheim por 3-0, na Liga Europa.
O técnico Carlos Carvalhal fez sete alterações no ‘onze’ em relação à derrota com o Benfica (3-0) para a Taça da Liga, mas a rotação resultou numa exibição apagada frente a um Lusitano de Évora que surpreendeu pela organização e atitude. A equipa alentejana, que já tinha eliminado duas formações da I Liga (Estoril e AVS) e uma da II (Académico de Viseu), mostrou qualidade, terminando a partida a pressionar o Braga em busca do empate.
O primeiro golo do jogo surgiu aos 22 minutos, com André Horta a rematar forte de fora da área após assistência do irmão Ricardo, na sequência de um livre lateral. Antes do intervalo, Ricardo Horta ampliou a vantagem (44’), após um excelente passe de Fran Navarro.
No entanto, o SC Braga caiu de rendimento na segunda parte e permitiu ao Lusitano crescer no jogo. O golo dos visitantes chegou aos 84 minutos, com Afonso Sousa a encostar de cabeça na pequena área, deixando o final do encontro em aberto.
Deslocação à Luz nos quartos de final
Com esta vitória, o SC Braga avança para os quartos de final, onde enfrentará o Benfica no Estádio da Luz, em fevereiro. Este será o terceiro confronto entre as duas equipas no espaço de cerca de um mês, com uma vitória para cada lado até agora: os minhotos venceram na Luz para o campeonato (2-1) e as ‘águias’ triunfaram na meia-final da Taça da Liga (3-0).
Declarações de Carlos Carvalhal, treinador do Sp. Braga, na sala de imprensa do Estádio Municipal de Braga, após o triunfo sobre o Lusitano de Évora em jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal:
Após a vitória por 2-1 frente ao Lusitano de Évora, nos oitavos de final da Taça de Portugal, Carlos Carvalhal reconheceu a importância do resultado, mas admitiu que a equipa poderia ter mostrado mais no relvado. Na conferência de imprensa realizada no Estádio Municipal de Braga, o técnico destacou os aspetos positivos e negativos do desempenho da equipa.
Sobre o jogo e o desempenho da equipa:
“O mais importante está conseguido: passar aos quartos de final. O resultado era o que mais interessava. Jogámos contra uma equipa que se fechou muito, o que torna difícil impor velocidade no jogo. Ao intervalo, estávamos justamente a vencer por 2-0. No entanto, na segunda parte, o ritmo baixou, e embora tenhamos tido oportunidades para fazer o terceiro golo e resolver a partida, não o conseguimos e acabámos por nos expor. Não podemos sofrer um golo como aquele. Tenho de reconhecer o valor do Lusitano, que foi organizado e deu tudo em campo.”
Sobre a falta de eficácia e os desequilíbrios:
“Tínhamos o jogo controlado, mas não o fechámos. O golo do adversário acontece numa fase em que estávamos a jogar com três médios para reforçar o jogo aéreo. Ironia das coisas, sofremos de cabeça quando tínhamos boa capacidade nesse aspeto. Se tivéssemos feito o 3-0 nas oportunidades que tivemos, o jogo teria tido outro cariz, mas não aconteceu.”
Sobre as sete alterações no ‘onze’:
“Prometi a mim mesmo que não ia carregar mais nos jogadores. É um momento para os puxar para cima, apesar dos erros. Cometemos falhas que, a este nível, não podem acontecer e que precisamos de corrigir. Mas não vou apontar nomes, o que importa é que a equipa foi eficiente e cumpriu a missão.”
Sobre Gharbi e a gestão de Matheus:
“Não vou individualizar, o importante foi a vitória coletiva. Quanto ao Matheus, a sua ausência não tem a ver com rumores de mercado. Contra o St. Gilloise, ele não pode jogar, e o Hornicek precisava de minutos. Não podia ser lançado num jogo decisivo a frio.”
Sobre a atitude no banco:
“Não estou desiludido; estou cansado. Temos ganho jogos com muito esforço, sempre ‘na marra’, e isso é desgastante. Mas faz parte. Agora temos de nos focar no Estrela da Amadora, um jogo difícil, e no St. Gilloise, onde queremos garantir a passagem na Liga Europa.”
Carvalhal terminou reforçando a necessidade de concentração nos próximos desafios, com a deslocação ao Estádio da Luz para os quartos de final da Taça de Portugal já no horizonte.
Declarações de Pedro Russiano, treinador do Lusitano de Évora, na sala de imprensa do Estádio Municipal de Braga, após a derrota (2-1) frente ao Sp. Braga em jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal:
Após a derrota por 2-1 frente ao SC Braga, nos oitavos de final da Taça de Portugal, Pedro Russiano, treinador do Lusitano de Évora, mostrou-se orgulhoso da prestação dos seus jogadores e agradeceu o apoio dos adeptos que viajaram até ao Estádio Municipal de Braga. Apesar do resultado, destacou a união e o esforço que marcaram a campanha histórica do clube, do quarto escalão do futebol português.
Sobre o jogo contra o Braga:
“Quero começar por agradecer aos nossos adeptos. Numa quarta-feira, a este horário, marcaram presença em grande número e deram-nos um apoio incrível. Também quero agradecer aos nossos jogadores, que fizeram uma grande campanha, sempre com dignidade em todas as eliminatórias. Sabíamos que era uma tarefa difícil enfrentar um dos candidatos à Taça de Portugal.
O plano era aguentar os primeiros 20 minutos, porque sabíamos que o Braga ia entrar forte, especialmente na reação à perda. Era crucial tirar a bola da nossa zona de pressão, mas cometemos um erro num momento decisivo, que deu o primeiro golo. Depois, quando estávamos a sair dos momentos de maior pressão, sofremos o segundo golo.
No intervalo, disse aos jogadores que precisávamos de acreditar e tentar marcar para reentrar no jogo. Conseguimos o golo, que podia ter chegado mais cedo, e, no final, fizemos o Braga sentir-se assustado e apertado. O que fez a diferença foi a qualidade deles, principalmente nos últimos dez minutos, onde perderam muito poucas bolas. Parabéns ao Braga, desejo-lhes a maior sorte na competição.”
Sobre a campanha na Taça de Portugal:
“O que mais destaco desta campanha é a união que conseguimos construir. Estas eliminatórias causaram cansaço na equipa, já perdemos jogadores por excesso de carga física. Temos um plantel competitivo, mas não muito extenso. No entanto, não é fácil para uma equipa do quarto escalão eliminar duas equipas da I Liga e uma da II Liga.
Não tivemos a sorte de jogar em casa, onde as dimensões e a atmosfera do nosso campo poderiam ter feito diferença. Mas foi um prémio enorme para os jogadores e para toda a equipa técnica pisar este palco. Um dos lemas do nosso clube é o renascimento, e há 60 anos que o Lusitano não chegava a esta fase da competição. Esta experiência é algo que levaremos para sempre.”
Pedro Russiano concluiu mostrando orgulho no que a sua equipa alcançou, numa campanha que ficará marcada como uma das mais brilhantes da história recente do Lusitano de Évora.
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Municipal de Braga.
SC Braga – Lusitano de Évora, 2-1.
Ao intervalo: 2-0.
Marcadores:
1-0, André Horta, 22 minutos.
2-0, Ricardo Horta, 44.
2-1, Afonso Sousa, 84.
Equipas
– SC Braga: Hornicek, Victor Gómez, Robson Bambu (Arrey-Mbi, 32), Niakaté, Yuri Ribeiro, Roger (Gabri Martínez, 61), João Moutinho (Vítor Carvalho, 79), André Horta, Gharbi, Ricardo Horta (Diego Rodrigues, 79) e Fran Navarro (El Ouazzani, 61).
(Suplentes: Tiago Sá, Chissumba, Arrey-Mbi, Vítor Carvalho, Gorby, Diego Rodrigues, Bruma, Gabri Martínez, Bruma e El Ouazzani).
Treinador: Carlos Carvalhal.
– Lusitano de Évora: Marcelo Valverde, Marcos Soares (Wilson Kenedy, 60), Rodrigo Monteiro, Tiago Palancha, João Pinto, Mauro Andrade, Johnson Juah, Martim Águas (Tiago Baptista, 70), Sele Davou (Afonso Sousa, 70), Miguel Lopes (João Delgado, 80) e Dida (Kalunga, 60).
(Suplentes: Duarte Martins, Tiago Baptista, Onyekachi Silas, Wilson Kenedy, João Delgado, André Santos, Tomás Lima, Afonso Sousa e Kalunga).
Treinador: Pedro Russiano.
Árbitro: Bruno José Costa (Viana do Castelo).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Mauro Soares (21), Niakaté (83) e Kalunga (90).
Assistência: 5.627 espetadores.