Zonas de baixa densidade oferecem vantagens no acolhimento, mas enfrentam desafios de acesso a serviços

Os territórios do interior Norte e Centro de Portugal oferecem condições favoráveis para o acolhimento e integração de refugiados, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). O trabalho, desenvolvido pelo Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (CETRAD), foi apresentado em Vila Real, no encontro sobre “Desafios e Políticas de Integração de Migrantes – Uma Visão Atlântica”.

Vantagens Identificadas

Segundo o investigador Otávio Sacramento, os distritos do Porto, Viseu, Vila Real e Castelo Branco apresentam vantagens como:

  • Acesso à habitação com custos mais baixos;
  • Proximidade entre instituições locais, como autarquias e misericórdias, o que agiliza as respostas às necessidades dos refugiados;
  • Custo de vida mais acessível, comparado a outras regiões do país.

Estas características tornam os territórios de baixa densidade atrativos para o modelo de dispersão geográfica no acolhimento de refugiados, implementado em Portugal desde 2017.

Desafios Persistentes

Apesar das vantagens, o estudo alerta para dificuldades que são comuns em territórios de baixa densidade:

  • Acesso limitado a serviços públicos, como saúde e transporte;
  • Barreiras linguísticas e culturais, que podem dificultar a integração social e laboral.

Metodologia do Estudo

A investigação, intitulada “A receção de refugiados em territórios de baixa densidade, 2017-2024: a atuação das instituições locais no novo modelo de dispersão geográfica do acolhimento”, baseou-se no acompanhamento de vários casos e em cerca de 50 entrevistas a técnicos de instituições locais que interagem diretamente com refugiados.

Segundo Pedro Gabriel Silva, coautor do estudo, o foco foi entender a experiência do acolhimento a nível local, dando voz a autarquias, misericórdias e outras organizações que desempenham um papel essencial neste processo.

Conclusões e Perspetivas

O estudo reforça que os territórios do interior Norte e Centro têm potencial para desempenhar um papel importante no acolhimento de refugiados, desde que os desafios estruturais sejam enfrentados com políticas públicas direcionadas.