Líder do PCP exige explicações do primeiro-ministro e partidos que aprovaram a medida

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou hoje a polémica em torno da Lei dos Solos, apontando-a como um “belo negócio” que exige explicações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e de todos os partidos que viabilizaram a medida.

“A polémica das polémicas é a lei dos solos. O primeiro-ministro tem de prestar contas ao país sobre isso, mas não só ele. Também o Chega, a Iniciativa Liberal, o CDS e o Partido Socialista são responsáveis pelas alterações que estão a gerar tanta contestação”, afirmou Raimundo.

O líder comunista, que falava durante uma iniciativa do PCP no Hospital de Braga, questionou os interesses por trás da nova legislação e destacou o envolvimento de figuras públicas ligadas ao setor imobiliário.

“Os interesses em jogo têm de ser muito grandes para que, perante tantas polémicas, esta lei não recue.”

Críticas a Ventura e à Comissão de Inquérito

Sobre a proposta do Chega para criar uma comissão de inquérito às ligações empresariais do primeiro-ministro, Raimundo rejeitou a ideia, acusando André Ventura de tentar desviar atenções dos problemas do próprio partido.

“Esse partido inventa todos os dias uma nova polémica para que se fale de tudo menos dos seus próprios problemas. Se fôssemos abrir uma comissão de inquérito por cada dúvida, não faríamos mais nada.”

Apesar disso, Raimundo defendeu que Montenegro deve esclarecer aspetos da sua vida empresarial, sublinhando que o verdadeiro problema está na especulação imobiliária fomentada pela nova lei.

“A lei dos solos permite acrescentar especulação à especulação, negociata à negociata. Esse é o grande conflito de interesses.”

Moção de Censura Chumbada

Na sexta-feira, o Chega apresentou uma moção de censura ao Governo, que foi rejeitada pelo PSD, PS, IL, BE, Livre e PAN, com abstenção do PCP. Apenas o próprio Chega e o deputado Miguel Arruda (ex-Chega) votaram a favor.

Apesar da derrota, o partido de André Ventura insiste que houve “lacunas nas respostas de Montenegro”, alimentando suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse entre a sua empresa familiar e decisões do governo.

A polémica promete continuar a marcar a agenda política, com a Lei dos Solos a ganhar destaque como um dos temas mais controversos do momento.