Velório aberto aos fiéis prolonga-se até sexta-feira; funeral realiza-se no sábado com presença de chefes de Estado
O caixão do Papa Francisco chegou esta manhã à Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde decorre o velório público de três dias. A cerimónia solene, marcada por profundo simbolismo, contou com a escolta da Guarda Suíça e a presença de cardeais, secretários pessoais e assistentes próximos do pontífice.
A procissão teve início às 9h00 em Roma (8h00 em Lisboa), com o cortejo a sair da Capela de Santa Marta, onde o Papa residia, e a percorrer lugares emblemáticos do Vaticano, como a Praça Santa Marta e a Praça dos Protomártires Romanos. Após atravessar o Arco dos Sinos, a comitiva entrou na Praça de São Pedro e acedeu à basílica pela porta central.
O corpo do Papa Francisco será velado no Altar da Confissão, dentro da Basílica de São Pedro, numa disposição mais discreta do que a habitual: o caixão não foi colocado num esquife elevado, como acontecia com os seus antecessores, mas directamente sobre o chão, voltado para os bancos, permitindo uma maior proximidade com os fiéis.
Último adeus com simplicidade e fé
As imagens divulgadas pelo Vaticano mostram o Papa Francisco deitado num caixão aberto, com mitra branca e vestes vermelhas, mãos cruzadas sobre um rosário — símbolo do seu espírito pastoral e humildade. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, foi fotografado em oração junto ao corpo do pontífice.
Antes do velório público, foi realizada uma cerimónia privada na Residência de Santa Marta, onde os residentes do Vaticano e membros da Casa Pontifícia prestaram as primeiras homenagens ao Papa.
O funeral de Francisco, que faleceu na segunda-feira aos 88 anos vítima de um acidente vascular cerebral, está agendado para sábado, dia 26, na Praça de São Pedro, e deverá contar com a presença de diversos chefes de Estado e de Governo. Contudo, os três dias de velório foram pensados sobretudo para os fiéis comuns, que continuam a afluir ao Vaticano para prestar a última homenagem.
Vida marcada por “primeiras vezes”
Jorge Mario Bergoglio, natural de Buenos Aires, nascido a 17 de dezembro de 1936, fez história como o primeiro Papa jesuíta e o primeiro latino-americano a assumir a liderança da Igreja Católica. Pontificou durante 12 anos, período durante o qual se destacou pela proximidade com os mais desfavorecidos, defesa do meio ambiente e apelos constantes à paz e justiça social.
A sua última aparição pública ocorreu no domingo de Páscoa, um dia antes de falecer, após um longo período de internamento devido a uma pneumonia bilateral. Teve alta a 23 de março, mas o agravamento súbito do seu estado de saúde levou à sua morte menos de um mês depois.
As autoridades italianas reforçaram significativamente as medidas de segurança no Vaticano, com patrulhas a pé e a cavalo em toda a zona envolvente. A afluência de peregrinos mantém-se intensa, também em virtude das celebrações do Ano Santo, proclamado por Francisco em dezembro. Os fiéis que atravessam a Porta Santa da Basílica podem obter indulgências, seguindo a tradição da Igreja.