Terceiro episódio consecutivo de tensão marca campanha do Chega, com troca de insultos, acusações de racismo e intervenção policial
A campanha eleitoral do Chega viveu esta sexta-feira, 9 de maio, mais um momento tenso, desta vez em Viana do Castelo, onde elementos da comunidade cigana se manifestaram contra a presença de André Ventura e da comitiva do partido. Este é já o terceiro dia consecutivo com protestos semelhantes, após episódios em Braga e Aveiro.
Durante uma arruada que teve início no Largo de São Domingos e culminou na feira semanal da cidade, cerca de duas dezenas de manifestantes, empunhando bandeiras e gritando palavras de ordem, acusaram Ventura de racismo e incitamento ao ódio.
O líder do Chega reagiu de forma confrontacional, afirmando:
“Não é para andarem atrás de mim pelo país todo, já chega. É escusado virem para aqui, vão trabalhar, têm que ir trabalhar.”
Num momento captado por imagens televisivas, Ventura dirigiu aos manifestantes um gesto com as mãos sugerindo roubo, acompanhado da frase:
“Gamar é o que vocês fazem a toda a hora.”
Do lado dos apoiantes do partido, também se ouviram expressões como “vão para a vossa terra, vagabundos” e “vão trabalhar”, aumentando a tensão. A polícia, com agentes fardados e à paisana, teve de intervir para evitar confrontos físicos.
Apesar da presença de apoiantes que cumprimentaram Ventura e pediram fotos, a passagem pela cidade foi marcada por pouca afluência popular, devido também à chuva intensa momentos antes da arruada.
Durante o percurso, o cabeça de lista pelo distrito, Eduardo Teixeira, referiu que o grupo estava a seguir parte do trajeto da procissão de Nossa Senhora d’Agonia, ao que Ventura respondeu ironicamente:
“Espero que não seja o nosso no dia 18.”
O líder do Chega reconheceu que Viana do Castelo “é um distrito difícil”, mas mostrou-se confiante numa melhoria de resultados eleitorais. Eduardo Teixeira apontou mesmo como meta a eleição de dois deputados.
Recorde-se que, no dia anterior, em Braga, André Ventura foi recebido com cuspidelas e protestos semelhantes por parte da mesma comunidade, repetindo o cenário já vivido em Aveiro, na passada quarta-feira.