Histórico do BE regressa às campanhas para “garantir uma solução à esquerda” e acusa PS de abrir porta a um governo com apoio da direita.

Francisco Louçã, fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE), apelou esta segunda-feira, em Braga, ao voto dos eleitores socialistas que desejam um governo de esquerda, afirmando que o Bloco representa “a única garantia de estabilidade progressista”. O bloquista, que lidera a lista do partido pelo círculo eleitoral de Braga nas Legislativas 2025, marcou o seu regresso à linha da frente da campanha com um comício no Theatro Circo, perante uma plateia esgotada.

Na sua intervenção, Louçã dirigiu-se diretamente aos votantes indecisos à esquerda, questionando se confiam que “um voto no PS” resulta, de facto, “num governo do PS” — especialmente após os sinais de abertura dos socialistas a entendimentos com a AD em caso de maioria relativa.

“Pedir o apoio da AD para um governo do PS é trair os votos que o PS pede aos seus eleitores”, afirmou. “Os socialistas que querem justiça fiscal, uma resposta à crise da habitação, investimento na saúde e na educação pública, têm uma certeza: o voto no Bloco é o único que garante uma solução à esquerda.”

BE quer recuperar mandato em Braga

Louçã mostrou-se confiante na capacidade do Bloco recuperar representação no distrito de Braga, onde não elege desde 2022, estabelecendo como objetivo “roubar um deputado ao Chega ou à AD” e ultrapassar a Iniciativa Liberal.

Relembrando conquistas históricas do partido — como a criminalização da violência doméstica —, o candidato elogiou a atual coordenadora do BE, Mariana Mortágua, descrevendo-a como “uma mulher valente” preparada para liderar “um governo que garanta respostas na habitação, no trabalho, na igualdade e nos direitos de todos”.

Louçã aproveitou ainda para sublinhar a “coerência” do BE em temas internacionais, como a Palestina, e lançou críticas à falta de clareza do PS sobre políticas migratórias e de habitação.

“Somos a esquerda que junta. Que dá a mão. Que não espera. A esquerda da urgência democrática num país onde nos querem mergulhar numa crise política eterna.”

Com um tom combativo, Louçã encerrou a sessão entre o público, apelando a um voto consciente e determinado: “Votem pelo que querem, não pelo que temem. Se querem um governo de esquerda, votem Bloco.”