Monção mobiliza-se pelo regresso do comboio com apelo nas redes sociais

Grupo no Facebook já soma mais de 1.200 membros e quer reativar o antigo ramal ferroviário entre Monção e Valença, encerrado há 34 anos

Foi criado a 25 de abril o grupo de Facebook “Pelo regresso do comboio ao ramal de Monção”, que, em pouco mais de duas semanas, já ultrapassou os 1.200 membros. O objetivo é claro: mobilizar a comunidade local e exercer pressão sobre as autoridades competentes para reativar a ligação ferroviária entre Monção e Valença, encerrada em 1990.

A data escolhida para lançar o grupo não foi coincidência. Nesse mesmo dia, foi inaugurada simbolicamente, na Avenida D. Afonso III, uma obra de arte urbana representando um comboio, num tributo à importância histórica da ferrovia para a vila. A memória do antigo ramal continua viva entre a população, que hoje lamenta o abandono de parte das infraestruturas. Embora o edifício principal da estação tenha sido reabilitado e atualmente sirva de sede à Banda Musical de Monção, o restante espaço mantém-se devoluto e degradado.

Inaugurada a 15 de junho de 1915, a estação de Monção integrou a então Linha do Minho. A expansão da linha até Monção e Melgaço já era desejada no final do século XIX, pelo seu valor estratégico e económico, sobretudo devido à riqueza agrícola da região e ao potencial das suas termas. Após disputas sobre o tipo de via — com algumas vozes a defenderem bitola estreita — a linha acabou por ser construída em via larga, sob a tutela da divisão de Minho e Douro dos Caminhos de Ferro do Estado.

Durante décadas, a ferrovia foi vital para o transporte de passageiros e mercadorias, reforçando a ligação de Monção ao resto do país. Contudo, em janeiro de 1990, no âmbito de um plano de reestruturação da rede ferroviária nacional, o troço entre Monção e Valença foi encerrado, juntamente com outros considerados economicamente inviáveis. Desde então, a região ficou sem acesso ao transporte ferroviário, uma ausência ainda sentida por muitos.

Apesar de algumas propostas pontuais para dar uso alternativo à antiga estação — como um museu ou um restaurante temático — nenhuma se concretizou até agora. Com esta nova mobilização digital, os promotores esperam despertar consciências e recuperar uma ligação ferroviária que consideram essencial para o futuro da vila.