Piloto de Famalicão investigado por desviar oito milhões de euros em fundos comunitários
Miguel Campos, empresário e piloto de ralis, está no centro de investigação da PJ por alegado uso indevido de verbas do Portugal 2020
O piloto famalicense Miguel Campos está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de envolvimento no desvio de cerca de oito milhões de euros de fundos comunitários, atribuídos ao abrigo do programa Portugal 2020. O caso envolve a empresa familiar Campos e Campos, sediada em Vila Nova de Famalicão, atualmente em processo de insolvência desde 2022.
De acordo com o Jornal de Notícias, a empresa candidatou-se, em 2015, a três projetos de financiamento europeu, com o objetivo de modernizar as suas infraestruturas e aumentar a competitividade. No entanto, a PJ suspeita que parte significativa das verbas não terá sido aplicada para os fins previstos, tendo alegadamente sido canalizada para a esfera pessoal de Miguel Campos, que se recusou a comentar o caso.
Como O MINHO avançou anteriormente, a Diretoria do Norte da PJ realizou 11 buscas domiciliárias e não domiciliárias nos concelhos de Barcelos, Famalicão, Porto e Matosinhos. A operação envolveu cerca de 40 inspetores, incluindo peritos financeiros, informáticos, elementos da Autoridade Tributária, o Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA), e contou ainda com a presença de magistrados do Ministério Público e do poder judicial.
Durante as diligências, foram apreendidos sete automóveis, um motociclo, um barco de recreio e 170 máquinas de confeção, estas últimas guardadas num local fechado, presumivelmente com o intuito de dissipação patrimonial. Foram também arrestados quatro imóveis e diversas contas bancárias ligadas ao empresário.
Segundo a PJ, há indícios de que, mesmo após a declaração de insolvência da empresa, a gestão prosseguiu de forma danosa, nomeadamente através do incumprimento de obrigações para com a Segurança Social, afetando cerca de 200 trabalhadores que acabaram despedidos.
O inquérito, em curso no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Norte, foca-se na prática de crimes de fraude e desvio de subsídios, com base num vasto acervo documental e digital apreendido, essencial para a consolidação da prova.
































