Ex-primeiro-ministro garante que o país tem quase 100% de absorção dos fundos desde 1985 e antecipa uma nova estratégia europeia para a habitação até ao final do ano.
O antigo primeiro-ministro e atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, refutou esta terça-feira a ideia de que Portugal faz um mau aproveitamento dos fundos europeus, considerando essa perceção “errada” e resultado de um “problema de autoflagelação e de nos depreciarmos”.
Em entrevista à Antena 1, Costa citou dados da Comissão Europeia que indicam que Portugal tem uma taxa de absorção próxima dos 100% desde 1985, sublinhando que, do ponto de vista da execução, o país tem sido exemplar.
“Agora que vivo mais tempo no estrangeiro do que em Portugal, cada vez mais aprecio as qualidades dos serviços públicos em Portugal, daquilo que fazemos e daquilo que os portugueses são”, afirmou o presidente do Conselho Europeu.
Estratégia europeia para a habitação no horizonte
António Costa revelou ainda que a Comissão Europeia irá apresentar, entre o outono e o final do ano, uma nova estratégia europeia para a habitação. O ex-governante considera “positivo” o facto de esta área ter, finalmente, merecido um Comissário Europeu dedicado.
“Sem uma oferta pública de habitação, não é possível regular o mercado. Finalmente, a União Europeia assumiu a habitação como uma política essencial”, sublinhou.
O antigo chefe do Governo português apontou também que “foi um erro” não ter havido uma suspensão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) durante o surto inflacionista, o que acabou por penalizar a execução de várias medidas previstas.
Por fim, António Costa antevê mudanças no futuro quadro financeiro da União Europeia, antecipando que este venha a integrar vários mecanismos introduzidos no programa NextGeneration EU, ainda que com metodologias de execução distintas.