Organização Blood & Honour, considerada terrorista em vários países, terá estado por trás das agressões a atores junto ao teatro A Barraca. Grupo foi removido da versão final do Relatório Anual de Segurança Interna.
O ataque violento a três atores junto ao teatro A Barraca, em Lisboa, ocorrido na noite de terça-feira, terá sido perpetrado por membros da organização neonazi Blood & Honour, segundo avança o semanário Expresso. A estrutura, considerada terrorista em vários países europeus, foi mencionada numa versão preliminar do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), mas acabou por ser retirada da versão final divulgada publicamente.
Entre as vítimas do ataque está o ator Adérito Lopes, que teve de receber assistência hospitalar devido à gravidade dos ferimentos no rosto, tendo sido necessário suturar rasgões profundos. Já se encontra em casa a recuperar.
As imagens obtidas pelo Expresso mostram pelo menos dois elementos ligados ao grupo, reconhecidos pelas autoridades como pertencentes à ramificação portuguesa dos Blood & Honour, organização que, segundo versões preliminares do RASI, promove eventos como concertos para fins de radicalização, recrutamento e financiamento.
O caso reacende a polémica em torno da exclusão de conteúdos sobre extremismo violento e organizações radicais do RASI apresentado oficialmente. Em abril, o Sistema de Segurança Interna (SSI) admitiu que existia uma versão de trabalho do relatório com essa informação, mas justificou a omissão com a necessidade de sigilo e decisões tomadas em sede própria.
O grupo extremista já tinha sido identificado em relatórios da Europol e, em Portugal, organiza ocasionalmente eventos com forte componente ideológica. Apesar disso, a falta de uma política comum na União Europeia em relação a este tipo de organizações tem dificultado a sua atuação coordenada contra estas ameaças.
A ausência do grupo no relatório oficial gerou críticas de vários quadrantes, nomeadamente pela alegada falta de transparência no tratamento das ameaças internas à segurança democrática. A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, acompanhada do diretor da Polícia Judiciária, defendeu na altura a legitimidade do processo de revisão, invocando a necessidade de sigilo institucional.