Estudo aponta défice de mais de 700 euros entre custo de vida e salário mínimo em Portugal. Apenas a Bélgica escapa ao cenário de insuficiência generalizada na União Europeia.
Um estudo da Gisma University of Applied Sciences revelou que, em quase todos os países da União Europeia (UE), o salário mínimo é insuficiente para cobrir as despesas básicas de vida de um adulto. Portugal surge entre os países com pior desempenho, com um défice mensal de 717,22 euros entre o custo de vida e o salário mínimo líquido.
A única exceção é a Bélgica, onde o salário mínimo líquido é suficiente para cobrir os encargos médios mensais de um adulto solteiro, incluindo a renda de habitação. Em contraste, o cenário mais grave é o do Chipre, onde o salário mínimo líquido (886 euros) fica aquém dos 1.801,90 euros necessários para cobrir o custo de vida.
Outros países em situação crítica incluem a Chéquia e Malta, com défices superiores a 790 euros. Portugal aparece logo a seguir com um salário mínimo de 870 euros em 2025, face a um custo de vida estimado em 1.620,22 euros por mês. Só a renda de um T1 em território português representa, em média, 934,92 euros mensais.
A situação agrava-se no caso de famílias. Em 16 países da UE, o rendimento médio de uma família de quatro pessoas não cobre os encargos mensais. Portugal está entre os três piores casos, com um défice de 1.339,07 euros, sendo apenas superado por Malta (1.468,62 euros) e Grécia (1.368,69 euros).
Em sentido contrário, os países nórdicos e os Países Baixos registam excedentes. A Dinamarca lidera com um saldo positivo de 2.200,63 euros, seguida da Suécia (2.162,97 euros) e dos Países Baixos (1.735,76 euros).
O presidente da Gisma University, Ramon O’Callaghan, salientou que “este estudo destaca uma realidade frequentemente ignorada: em grande parte da Europa, ganhar o salário mínimo não é suficiente para cobrir o custo de vida”. E acrescentou: “Não se trata apenas de uma questão económica, mas de acesso e oportunidades, especialmente para os jovens em início de carreira”.
A análise teve por base dados oficiais do Eurostat, da OCDE e de institutos nacionais de estatística, considerando rendimentos líquidos para empregos a tempo inteiro (40 horas semanais), bem como despesas médias com habitação, alimentação, transportes e outros encargos essenciais.
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