Candidatos às autárquicas divergem no valor, mas quase todos defendem a alienação do recinto ao SC Braga
A eventual venda do Estádio Municipal de Braga ao SC Braga volta a marcar o debate político local. O tema, levantado por Ricardo Rio ao longo dos seus mandatos — primeiro com a proposta de referendo, depois como promessa eleitoral — não se concretizou e ficará agora para o sucessor na presidência da Câmara Municipal de Braga.
O recinto, construído para o Euro 2004 e que custou mais de 200 milhões de euros aos cofres municipais, tem como único utilizador o SC Braga, que paga uma renda simbólica. A sua manutenção continua a ser um encargo pesado para o município, e a maioria dos candidatos às eleições autárquicas de 12 de outubro admite que chegou o momento de o vender.
Propostas e valores em cima da mesa
- João Rodrigues (Juntos por Braga) quer negociar a venda ao SCB pelo valor necessário para recuperar o Estádio 1.º de Maio, em avançado estado de degradação, considerando esta solução “justa e proporcional”.
- António Braga (PS) não se compromete com a venda nem com números, prometendo antes “diálogo” para encontrar uma solução equilibrada entre cidade e clube.
- João Batista (CDU) defende a venda após avaliação conjunta entre município e clube, lembrando que a manutenção custa milhões.
- O independente Amar e Servir Braga propõe uma fórmula de cálculo que tenha em conta os custos de manutenção do Municipal e a reabilitação do 1.º de Maio.
- Filipe Aguiar (Chega) aponta para 10 milhões de euros, considerando ser “um número razoável” face ao investimento que o clube terá de fazer.
- Rui Rocha (Iniciativa Liberal) defende a venda ao SCB, mas recusa avançar com valores para não fragilizar a negociação.
- Francisco Pimentel Torres (ADN) propõe que o estádio seja vendido a quem oferecer mais, recusando exclusividade ao SC Braga.
- António Lima (Bloco de Esquerda) exige pelo menos 20 milhões de euros, valor que, compara, “o clube paga por um jogador”.
- António Fragoso (Livre) considera que 20 milhões “é uma doação”, defendendo que a SAD deve assumir responsabilidades sem depender do erário público.
Um dossiê adiado
Ao longo de duas décadas, o Estádio Municipal de Braga foi tema recorrente em notícias sobre derrapagens, indemnizações, rendas simbólicas e até tentativas de referendo. Ricardo Rio sai sem resolver aquele que é considerado por muitos “o estádio mais polémico do país”, deixando a decisão final para o próximo executivo.