Empate sem golos no Clássico deixa tudo igual na classificação e pouco entusiasmo nas bancadas
O Clássico entre FC Porto e Benfica prometia intensidade, emoção e golos, mas acabou por oferecer uma partida amarrada, calculista e sem brilho ofensivo, a contar para a oitava jornada da I Liga portuguesa. Num dia de feriado nacional, o futebol ficou em casa — e o empate a zero acabou por ser o reflexo fiel do que se passou no relvado do Estádio do Dragão.
O encontro marcou o regresso de José Mourinho ao Dragão, agora ao comando do Benfica, num duelo tático frente a Francesco Farioli. No entanto, o esperado espetáculo transformou-se num jogo travado e sem grandes ocasiões de golo, em que as defesas se superiorizaram claramente aos ataques.
No fecho da jornada, o Benfica mostrou solidez defensiva e soube controlar o ímpeto portista, com destaque para o rigor tático e a concentração da linha defensiva. O FC Porto, por sua vez, não conseguiu encontrar espaços nem impor o seu ritmo habitual — falhando pela primeira vez a vitória esta temporada.
Em resumo, o jogo contou com três ocasiões relevantes para os dragões, incluindo uma finalização perigosa de Rodrigo Mora já nos instantes finais e um quase autogolo de Bednarek, mas sem que o marcador se alterasse.
Num dia 5 de outubro de 2025 marcado por feriado nacional, o feriado estendeu-se ao ataque: houve nervos, houve luta, mas faltaram os golos. Com o Benfica debilitado fisicamente por uma virose e Farioli a recuperar de febre, o Clássico acabou “alérgico” à emoção que se esperava.
As notas do Clássico
Figura – António Silva
Num jogo em que o Benfica passou longos períodos a defender, António Silva destacou-se pela consistência e maturidade. Apesar de um ou outro passe falhado, o internacional português mostrou posicionamento exemplar e segurança, com cortes decisivos — um frente a Borja Sainz (77’) e outro sobre William Gomes já perto do fim. Foi o pilar da retaguarda encarnada.
Surpresa – Enzo Barrenechea
Enquanto Froholdt esteve uns furos abaixo do habitual no meio-campo portista, o argentino Enzo Barrenechea foi uma das chaves do equilíbrio encarnado. Ganhou a maioria dos duelos, recuperou bolas, desarmou adversários e quase provocou um autogolo de Kiwior aos 64 minutos. Mostrou pulmão e inteligência tática.
Desilusão – Samu
Habitualmente um dos motores do FC Porto, Samu passou completamente ao lado do jogo. Mal servido e sem espaço, teve dificuldades no controlo da bola e nas decisões, sendo substituído sem surpresa por Deniz Gul. Sentiu-se isolado e impotente no ataque portista, num dos seus jogos menos inspirados da época.
Francesco Farioli: “Estar lado a lado com Mourinho é uma honra”
Treinador do FC Porto elogia o duelo tático com José Mourinho e considera o empate justo
O treinador do FC Porto, Francesco Farioli, comentou o empate sem golos frente ao Benfica, no Estádio do Dragão, em jogo da oitava jornada da I Liga portuguesa, destacando a dimensão tática do encontro e o respeito que nutre por José Mourinho.
Batalha tática com Mourinho
“É um privilégio. Não diria mais do que isso. Penso que já falei do respeito que tenho por Mourinho e, claro, que estar, digamos, lado a lado com ele, é uma honra. Penso que ambos desfrutámos do jogo, na forma como o preparámos e gerimos. O resultado é justo.”
Sporting ou Benfica: qual o adversário mais desafiante?
“Ambos. Diferentes, mas ambos. Se formos ao detalhe, estaríamos aqui até à próxima pausa das seleções (risos). Diferentes sistemas, momentos, jogadores — muda completamente o plano. É difícil ir mais ao detalhe. Se tiver paciência, explicar-lhe-ei mais tarde.”
Se tem seguido o Ajax
“Às vezes vejo jogos. Se recebi mensagens de fãs do Ajax? Não.”
Possível regresso ao Ajax no futuro
“Sobre isso, penso que não é lugar para debater. Quando saí, fui claro para mim sobre o facto de que, se no futuro tiver a oportunidade, será um prazer voltar ao Ajax — e definitivamente será o meu único clube nos Países Baixos. Está claro agora e para sempre.”
José Mourinho reagiu ao empate do Benfica no Clássico frente ao FC Porto na sala de imprensa do Estádio do Dragão:
Sobre a marcação a Alan Varela e aos centrais do FC Porto.
«Trabalhámos bem. Tinha a dúvida sobre jogar com o Aursnes numa marcação mais individual ao Varela. Conheço bem os dois centrais do FC Porto. Achámos que era melhor zonalmente com dois jogadores matar três e ficámos com um jogador extra e com uma linha de controlo posicional. Eles tiveram dificuldades. Depois fomos fortes no controlo da profundidade. O Ríos e o Enzo fizeram um excelente jogo no controlo do Froholdt, que hoje praticamente não se viu e a mesma coisa com o Gabri Veiga. Não criaram nunca situações de perigo na nossa área.»
Ao anular o FC Porto anulou o Benfica?
«Não. Acho que o Benfica tem as suas características. O FC Porto tem muito jogador com motor de muitos cavalos, com capacidade de explosão e de atacar espaços. Não temos esse tipo de jogador. Tínhamos de controlar o jogo de outro modo e não deixar o jogo partir. Na equipa ainda há gente que sofre com pouca confiança. Vim encontrar quatro ou cinco jogadores em crise de autoestima. Uma coisa é precisares de concentração para o trabalho tático, outra é precisares de inspiração para algo mais. Senti no banco o que eles sentiram em campo: nós queremos ganhar, mas não queremos perder. O FC Porto não tinha essa pressão e mesmo assim não correram riscos. Trocaram jogador por jogador. Eles podiam ir para sete pontos positivos, nós podíamos ir para sete negativos. É um handicap muito grande do ponto de vista emocional.»
«Cumpri hoje o meu jogo 1200 oficial como treinador. Mesmo um treinador com 1200 jogos está a analisar o jogo aqui atrás [aponta para a cabeça] está: “Se perdes, vais a sete”. Isso era uma limitação.»
O Benfica precisava de morder mais?
«Hoje era jogo para jogar zonalmente. A marcar ao homem corres mais riscos, de duelos, de cartões. Zonalmente conseguimos com dois jogadores nossos matar três: Varela, Bednarek e Kiwior. Se estivesse eu na baliza em vez do Trubin era a mesma coisa, já que o Trubin não tocou na bola.»