Bosch retoma atividade normal na fábrica de Braga já na segunda-feira

Empresa põe fim antecipado ao ‘lay-off’, mas admite que cenário global ainda pode gerar novas perturbações

A Bosch de Braga vai regressar ao regime normal de laboração já na próxima segunda-feira, 24 de novembro, encerrando o período de ‘lay-off’ iniciado no início do mês e que estava inicialmente previsto prolongar-se até abril de 2026. A decisão foi comunicada esta quarta-feira pela empresa, que justifica a mudança com a melhoria recente no fornecimento de componentes eletrónicos.

Numa nota enviada à agência Lusa, a Bosch explica que os contratos dos trabalhadores abrangidos “voltarão a estar plenamente ativos”, fruto de um “fornecimento mais contínuo de componentes e das medidas de mitigação implementadas”.

Apesar do regresso à normalidade em Braga, a multinacional sublinha que o contexto global ainda é instável. “Dependendo da situação geral de escassez de componentes e da evolução da política comercial, não é possível excluir eventuais interrupções futuras ou ajustes nos horários de trabalho”, alerta a empresa. As fábricas de Ansbach e Salzgitter, na Alemanha, continuam, aliás, a enfrentar “perturbações na produção”.

A origem das dificuldades tem estado relacionada com a insuficiência de chips fornecidos pela Nexperia, empresa chinesa de semicondutores que integra a cadeia de abastecimento da Bosch. A situação agravou-se nas últimas semanas após um conflito político entre a China e os Países Baixos, país onde se encontra a sede europeia da Nexperia.

O Governo neerlandês anunciou esta quarta-feira a suspensão da intervenção que tinha imposto à empresa, uma medida invocada pela primeira vez ao abrigo da Lei da Disponibilidade de Bens, de 1952, e que permitia bloquear decisões internas que pudessem colocar em risco a produção europeia de semicondutores. Para Haia, trata-se de um “passo construtivo” num momento de “progressos no diálogo político” com Pequim. A intervenção poderá, ainda assim, ser reativada se voltar a ser considerada necessária.

A Bosch de Braga, que conta com cerca de 2.500 trabalhadores afetados pelo ‘lay-off’, destaca, no comunicado, que a decisão agora tomada “reflete o compromisso da empresa em proteger o emprego”. O grupo diz ainda encarar o futuro “com confiança”, embora reconheça que o setor continua a enfrentar “desafios significativos”.

A Nexperia, fornecedora essencial para múltiplas indústrias – dos automóveis aos telemóveis e painéis solares –, é considerada um pilar crítico na cadeia de produção europeia. A sua aquisição pela chinesa Wingtech, em 2019, já tinha levantado preocupações sobre dependência tecnológica.

A delegação dos Países Baixos mantém-se entretanto na China para negociar uma solução definitiva para o conflito diplomático que tem condicionado a indústria europeia de semicondutores.

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