Ligação ferroviária entre Porto e Zamora bem vista no Eixo Atlântico

A Comissão Executiva do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular aceitou, na passada quarta-feira, em Mirandela, incluir o projeto de construção de uma Linha Ferroviária entre Porto e Zamora no pacote de infraestruturas que aquela entidade pretende negociar com os governos de Portugal e Espanha, aproveitando os fundos comunitários que vão estar disponíveis, a partir de 2021.

No entanto, o dossier ainda vai ter de passar pelo crivo da Assembleia-Geral do Eixo-Atlântico, marcada para o início de 2019.

O assunto assume novamente protagonismo, depois de, há uma semana atrás, na reunião mensal do conselho intermunicipal da CIM “Terras de Trás-os-Montes”, também realizada em Mirandela, os nove autarcas terem aprovado a reivindicação da inclusão desta ligação ferroviária no Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), documento orientador das estratégias de desenvolvimento territorial, até 2030, elaborado pela CCDR-N.

Esta quarta-feira, a comissão executiva do Eixo Atlântico, organismo que agrega 36 municípios do Norte de Portugal e da Galiza, em Espanha, aceitou incluir este projeto no pacote de infraestruturas que considera necessárias para esta eurorregião, na próxima década. “Dentro do relatório ferroviário, destaco a proposta defendida pelos presidentes dos Municípios de Mirandela e Bragança para incluir uma linha ferroviária entre Porto e Zamora e que vai ser levada a aprovação na próxima assembleia-geral”, referiu o secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Vázquez Mao.

Para além deste assunto, a comissão executiva abordou também a hipótese de que a Linha do Norte possa ter um desvio para ter uma paragem no Europarque, em Santa Maria da Feira.

Vão ainda propor aos governos da península ibérica uma maior cooperação na prevenção dos incêndios florestais e melhor coordenação no combate a este flagelo.

Foi também avaliado o ponto de situação das infraestruturas já em curso. “Vamos pedir uma reunião com o novo governo espanhol para tratar das infraestruturas da parte galega e outra reunião com o governo português para ver qual é o ponto de situação da linha de Aveiro e da ligação de Viana do Castelo até à fronteira e na parte galega da ligação de Vigo até à fronteira para poder completar a Linha Corunha/Lisboa”, acrescentou Xoán Mao.

Mirandela assume protagonismo

No final desta reunião, o secretário-geral da comissão executiva do Eixo Atlântico, fez questão de sublinhar que a escolha de Mirandela não foi por acaso e adianta duas razões:

“Em primeiro lugar, devido à estratégia que estamos a seguir no eixo de promover o interior para a coesão interna, como é o exemplo da Assembleia-Geral de fevereiro de 2019 que vai ser realizada em Barco de Valdeorras, no interior da Galiza, mas também porque Mirandela, desde a chegada da atual presidente, está a ter um papel protagonista de liderança muito importante no eixo que antes nunca teve”, adiantou Xoán Mao.

E Júlia Rodrigues assume que o Município de Mirandela está muito empenhado em ter um papel protagonista no Eixo Atlântico. “Mirandela sempre teve um papel secundário em relação ao eixo atlântico, acho que deu pouca relevância aos projetos transfronteiriços e à capacidade de influência política e estratégica que o eixo poderá trazer aos autarcas e aos nossos territórios”, referiu a autarca da cidade do Tua.

“Estes planos estratégicos tornam-se fundamentais para que seja possível a nossa integração numa comunidade que tem um plano que sabe para onde quer ir e que tem uma visão para o território e para as suas gentes”, acrescentou Júlia Rodrigues.