O diretor clínico e os 51 diretores de serviço e chefes de equipa do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE) redigiram a carta de demissão em julho, altura em que ponderaram demitir-se, mas só hoje concretizaram essa intenção.
Depois de terem ameaçado demitir-se em março, aquando de uma visita do bastonário da Ordem dos Médicos à unidade de saúde, estes profissionais esperaram cinco meses para que as suas reivindicações fossem atendidas, mas dado não ter havido alterações ponderaram demitir-se em julho, motivo pelo qual a carta está datada de dia 16, mas decidiram “aguentar” até ao final do Verão e, verificando que nada mudou, concretizaram hoje essa intenção, explicou à Lusa fonte da ordem dos Médicos.
Na missiva, datada de 16 de julho e distribuída hoje aos jornalistas pelo bastonário da Ordem dos Médicos, em conferência de imprensa, o diretor clínico, assessores da direção clínica, diretores das unidades de gestão integrada, diretores de serviço e chefes de equipa do serviço de urgência polivalente justificam a sua decisão com o “aumento da insegurança na assistência prestada” aos doentes e com a “atual e persistente carência” de equipamentos, profissionais de saúde e verbas.
Os profissionais de saúde salientam, no documento, que a “responsabilidade e o desenvolvimento técnico e profissional, a dedicação e o empenho” das equipas têm sido o “baluarte” do hospital ao longo dos tempos.
“As diversas promessas de governação em estrutura, equipamentos e recursos humanos não têm sido satisfeitas para acompanhar a dinâmica de um dos principais complexos assistenciais da região, pese embora o esforço dos sucessivos conselhos de administração e respetivas direções clínicas”, acrescenta a carta.
Para reverter a atual situação da unidade hospitalar, os agora demissionários elencam como prioridades uma nova estrutura hospitalar com plano diretor sem insuficiência de camas para permitir dignidade humana na assistência do doente agudo, melhor gestão de recursos humanos e de equipamentos financeiros com ganhos em saúde.
Os médicos falam ainda na necessidade de um financiamento adequado para a população assistida, tendo em consideração o compromisso com a área de influência e a diferenciação do hospital “com persistente subfinanciamento”.
Outra das necessidades apontadas é o suprimento de lacunas graves em recursos humanos e equipamentos com o objetivo de gerar poupanças ao país, melhorar a acessibilidade e a satisfação dos doentes e familiares, considerando o hospital um caso particular a nível nacional.