Um trabalhador foi obrigado a esconder-se numa sala frigorífica durante uma inspeção ao local de emprego, em Portugal, revela um relatório sobre exploração laboral na Europa.

O homem estava em situação laboral irregular e ficou durante cerca de três horas no interior da sala frigorífica, enquanto os inspetores realizavam o seu trabalho. No final, necessitou de receber assistência médica.

Este é um exemplo de exploração laboral detetada em Portugal e denunciada num relatório da Agência Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA), realizado em mais sete Estados-membros – Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Polónia e o Reino Unido.

Encontrar formas de escapar ou, pelo menos, ser bem-sucedido a contornar inspeções, é algo a que muitos empregadores portugueses se dedicam, sendo comum a estratégia de esconder funcionários quando os inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) ou da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) estão nas instalações.

Mais de dez trabalhadores na Bélgica, França, Itália, Polónia e Portugal afirmaram que, enquanto decorriam as inspeções, eram obrigados a esconder-se na rua, nas casas de banho, arrecadações, jardins ou caves.

Em Itália, um trabalhador foi também fechado num armazém pelo empregador. Já em França, um colega de trabalho de um funcionário que estava a ser entrevistado tentou fechá-lo numa sala frigorífica, mas o inspetor viu-o e ele tentou escapar.

Em Portugal, a FRA encontrou casos diversos de exploração, tanto em lojas, como em fábricas, na construção civil ou na agricultura, tendo entrevistado 26 pessoas.

Os dados deste relatório resultam de entrevistas feitas a 237 trabalhadores migrantes adultos, entre 133 homens e 104 mulheres, que afirmaram terem sido vítimas de exploração laboral entre 2013 e 2017, sendo que 175 eram oriundos de 40 países terceiros, enquanto os restantes 62 vinham de países membros da União Europeia.