A terceira eliminatória da Taça de Portugal colocou os holofotes no Felgueiras, que se reergue de uma crise financeira graças ao investimento de três ex-vitorianos: Meira, Pedro Mendes e Nuno Assis. O FC Felgueiras 1932 foi fundado em 2006. Com esta denominação, este será o primeiro jogo com o Braga

Voltar os olhos para Felgueiras é recordar memórias sensoriais do pão de ló de Margaride, das doces cavacas ou do vinho verde. E o futebol? As memórias neste caso são mais breves, tão rápidas quanto a passagem do clube pela I Liga, em 1995/96, e depois o turbilhão de problemas financeiros que exigiram a refundação do clube no FC Felgueiras 1932. O percurso não tem sido fácil, mas “nos últimos três anos, o clube tem crescido bastante” e quem o diz é Tota, diretor desportivo, natural de Felgueiras e ex-jogador dos felgueirenses, que assistiu, nos juniores, ao momento histórico do clube, em 1995, com Jorge Jesus no comando técnico.

 

O segredo deste renascer tem a assinatura de Fernando Meira, Pedro Mendes e Nuno Assis, três ex-jogadores do V. Guimarães que, no momento final das suas carreiras, vestiram de azul e grená e decidiram arriscar, depois, “investir para melhorar o clube”. O investimento “ajudou a estabilizar e a criar a aspiração de algo maior”, objetivo que esteve quase a ser conseguido, na época passada, mas a subida à II Liga escapou em cima da meta. A visita do Braga recolocou o sorriso pela expectativa de um jogo de futebol a “gerar reboliço e ansiedade”de velhos tempos e atrair, sobretudo, a atenção dos vizinhos de Guimarães.

“Vem muita gente de Guimarães ver este jogo”, vaticina Manuel Rodrigues, supervisor do Estádio do Lixa -onde o Felgueiras treina algumas vezes . “Não é por viverem em Felgueiras muitos vimaranenses, por causa da indústria do calçado, mas porque fica aqui ao lado e a primeira freguesia de Guimarães, Serzedo, fica a cerca de cinco quilómetros de Felgueiras”. “E, claro, porque o Braga é o rival do Vitória”. A equipa de Ricardo Sousa terá apoio extra frente à de Abel Ferreira. Manuel Rodrigues, sócio do V. Guimarães – mostrou o cartão de cidadão com a fotografia com a camisola do Vitória – quer estar no Estádio Dr. Machado de Matos, no meio de “muitos outros vitorianos”, perspetiva que preocupa os responsáveis do Felgueiras.

O Braga mexe com os nervos

Rabiola, Diego Silva e Edelino Ié, os três com passagens pelo Braga, vivem este jogo com uma emoção diferente. O Braga Foi um momento bom na carreira de Rabiola, ponta de lança, 29 anos, que vê neste jogo uma oportunidade para “mostrar às pessoas que o Rabiola está bem e que podem contar comigo”, após ter estado de fora dos relvados durante dois anos, devido a uma lesão. Já para Diego, que viveu grande parte da sua vida em Braga, esta não é uma nova experiência. “Quando fui emprestado ao Covilhã, na II Liga, saiu-nos também o Braga para a Taça de Portugal “, relembrou. “Nessa altura quase se arrependiam por me terem dispensado. Fiz um bom jogo, e sofri um golo no último minuto dos descontos”, acrescentou o guarda-redes de 29 anos, que ambiciona “dar a vida contra o Braga”. Edelino, o mais jovem dos três, deixou o clube minhoto na época passada. “Passei lá bons momentos. Fiz muitos amigos e o Abel foi um grande mister para mim”, recorda o avançado, sem esconder o nervosismo que se tem vivido nos balneários, nos últimos dias. “Está toda a gente animada e ansiosa. É um jogo muito diferente do nosso campeonato, mas vamos fazer boa figura”.

A luz ainda é do tempo da I liga

O relvado do Estádio Dr. Machado de Matos esteve em tratamento, esta semana, para ficar em melhores condições para receber o Braga, segundo classificado da I Liga. O piso natural não é a única diferença do recinto de há 23 anos, quando o clube se dava a conhecer no escalão principal e surpreendera com uma primeira volta que chegou a prometer uma corrida aos lugares europeus. A requalificação feita em 2011 eliminou dois topos e reduziu a capacidade para oito mil espectadores, manteve as cadeiras e o sistema de iluminação, que provou, frente à AD Oliveirense, no passado sábado, que está operacional. O jogo da oitava jornada da Série A, do Campeonato de Portugal, realizou-se à noite e chamou ao estádio cerca de 1600 pessoas. Para a receção ao Braga, as expectativas apontam para casa cheia, os bilhetes estão à venda (3 euros para sócios e 10 para público).

Experiência começa na baliza

A média de idades do plantel às ordens de Ricardo Sousa é de 25.91, sendo Paiva o mais velho, com 38 anos, seguido pelo médio Pintassilgo , 33 anos, que não jogará, no domingo, por se encontrar lesionado. Tratam-se de dois nomes conhecidos e com currículo no V. Guimarães, assim como Rabiola (29 anos), um dos melhores marcadores do Felgueiras e especialista em penáltis. O capitão de equipa, o centralPinto, que espera “voltar a ver os jornalistas em Felgueiras”, está nos 32 anos e tem também passado no V. Guimarães e no Moreirense, por onde passou Pintassilgo.