O‘Pimpolho’ é um projecto pioneiro de prevenção da ambliopia em crianças entreos três e quatro anos de idade. Esta é uma iniciativa inovadora em Portugal,desenvolvida desde 2014 numa parceria entre o Hospital de Braga, o Município de Bracarense e os Agrupamentos de Escolas, que se tem revelado um sucesso no combate à ambliopia, ao sinalizar crianças com esta patologia ou com factores de risco ambliogénicos, para posterior tratamento.
O ‘Pimpolho’ incide na realização de diagnósticos oftalmológicos a todas as crianças de Braga que frequentam estabelecimentos de ensino público ou privado, numa idade em que esta patologia pode ser revertida. A ambliopia, também conhecida por ‘olho preguiçoso’, é a principal causa da baixa visão e cegueira, contribuindo, mais do que todas as outras patologias, para a perda visual da criança. Em 2015 foram rastreadas 870 crianças e a busca pelo diagnóstico tem-se acentuado ao ponto de, em 2018, o número de crianças rastreadas ter subido para os 1080.
Lídia Dias e Sameiro Araújo, vereadoras da Camara Municipal de Braga, com os pelouros da Educação e da Saúde e Bem-estar, respectivamente, realizaram estaQuinta-feira, 21 de Fevereiro, uma visita ao projecto onde, semanalmente,passam mais de 30 crianças.
Com este projecto “pretendemos promover o despiste da Ambliopia, uma patologia que pode, se não for tratada, afectar para sempre a saúde e qualidade de vida da criança. A avaliação oftalmológica é realizada através da avaliação da fotorefração que despista os erros refrativos, alguns tipos de estrabismos, entre outras alterações oftalmológicas e, ainda, a avaliação das acuidades visuais”, explicou Lídia Dias, sublinhando que o hospital “tem prestado um contributo extremamente relevante no apoio a um projecto que reverte em benefício de toda a comunidade”.
Já Sameiro Araújo manifestou toda a sua satisfação pelo projecto se revelar um sucesso e por ajudar as crianças e os Pais a detectarem precocemente problemas oftalmológicos. “Este é um projecto de que nos orgulhamos dia após dia. Com um sucesso crescente, esta parceria permite que as crianças do Concelho de Bragas e desloquem ao Hospital em ambiente descontraído, em formato de ‘passeio escolar’, evitando o acompanhamento dos Pais, sem perdas de tempo de trabalho,diminuindo, assim, custos relevantes para as famílias e para a sociedade. Esteé também um exemplo de que, quando as mais variadas entidades da sociedadecolaboram entre si, toda a comunidade fica a ganhar”.
Este projecto teve ainda ‘grande impacto’ na melhoria da informação junto d apopulação, o que permite aos Pais estarem mais atentos aos sintomas. “Esta é uma aposta ganha na medida em que permite uma redução significativa do impacto da doença, melhorando a prevenção, detecção e correcção de erros refractivos deforma atempada, através da reabilitação após o diagnóstico da presença deAmbliopia. Como tal, o Município de Braga continuará a apostar na sensibilização das famílias para esta problemática e no acesso livre ao diagnóstico para detecção precoce”, vincou Lídia Dias.
Com uma tese de Doutoramento subordinada ao tema: “New Perspectives in Amblyopia Screening”, a oftalmologista Pediátrica Sandra Guimarães, mentora deste projecto pioneiro em Portugal, demonstra orgulho no crescimento positivo do ‘Pimpolho’ que, referiu, “permitiu chegar a 170 escolas do Concelho de Braga e contribuiu para a saúde e bem-estar das crianças e famílias da região do Minho”.
No âmbito do Pimpolho foram já observadas 5667 crianças, 79% das quais são do Município de Braga, sendo que as restantes pertencem aos concelhos vizinhos que, em 2016, se juntaram a este projecto.
Para a médica, este projecto é uma mais-valia para os pais que não têm a possibilidade de levar os seus filhos ao médico podendo, assim, tratar a doença que afecta milhares de crianças de uma forma mais célere. “Temos dados que nos mostram que mais de 4% das crianças têm ou tiveram ambliopia. 2.4% é a taxa dos novos diagnósticos. A boa notícia é que temos uma taxa de eficácia no tratamento de quase 100% quando são diagnosticados e tratados nesta idade”, explicou.
Sandra Guimarães garantiu que a inovação do projecto ‘Pimpolho’ reside “na parceria com as Câmaras Municipais, que garantem o transporte e, assim, reduzem o custo para as famílias e para a sociedade, por isso, são uma mais-valia incalculável”.
De referir, ainda, que a taxa, por turma, de participação actual no projecto é 97.2%, sendo que a maioria das crianças que não participam no ‘Pimpolho’, já são seguidos na oftalmologia, “pelo que podemos dizer que, em cada escola que adere, praticamente todos as crianças são monitorizados pelo projecto ‘Pimpolho’ ou por seguimento prévio em oftalmologia pediátrica”, sublinhou a médica.
De destacar que o transporte das crianças é, desde o início do projecto em 2014, assegurado pelo Município de Braga. Este processo desencadeia-se às quintas-feiras de manhã para grupos de mais 30 crianças que são avaliadas pelo Serviço de Oftalmologia do Hospital de Braga. No decorrer desta avaliação, por vezes, são detectados outros problemas oftalmológicos nas crianças que, posteriormente, são encaminhadas para acompanhamento no respectivo serviço hospitalar.