Há cada vez mais jovens portugueses a serem vítimas de chantagem sexual. De acordo com a APAV, a maioria das ameaças advêm de fotografias e vídeos de carácter sexual que os adolescentes enviam aos parceiros como forma de sedução. A chantagem é quase sempre a mesma: ou os jovens fazem o que o parceiro quer, ou as fotos íntimas são publicadas online.

Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) há cada vez mais jovens vítimas de chantagem sexual. Tanto do sexo feminino como masculino, o número de pedidos de ajuda que chega à Associação está a aumentar. Dado o fenómeno, a APAV decidiu lançar esta segunda-feira uma campanha de sensibilização sobre a Linha Internet Segura, avança o Jornal de Notícias.
As principais queixas advêm de jovens com idades entre os 15 e os 18 anos, de ambos os sexos e de todo o território nacional.

As queixas, na maioria das vezes, têm por base fotografias e vídeos de carácter sexual – nudes – que os jovens enviam aos companheiros ou ex-companheiros.
Se num primeiro momento as imagens são usadas para sedução, o mesmo não ocorre quando há um desentendimento na relação. Segundo a APAV, a ameaça é quase sempre a mesma: ou os jovens fazem o que o parceiro quer, ou as fotos íntimas são publicadas online.

Trata-se de “sextortion”, uma chantagem em que o agressor, após ter recebido, de forma consensual, imagens de cariz sexual da vítima, ameaça divulgá-las publicamente, caso esta não obedeça a determinadas exigências, como o envio de mais imagens, por exemplo.
De acordo com Ricardo Estrela, responsável pela Linha Internet Segura da APAV, este tipo de chantagem entre jovens decorre, regra geral, após o fim de uma relação amorosa. O objetivo é obter uma vingança e castigar o parceiro ou, na maioria dos casos em que a vítima é uma rapariga, forçar o reatar da relação.

Quando são os rapazes as vítimas, a situação é diferente. Eles recebem interações de perfis falsos nas redes sociais que “aparentam ser de raparigas, ou mesmo mulheres, muito atraentes. Esses perfis têm fotos de partes nuas do corpo, para provocar maior atração, e levam a que haja uma abordagem muito direta. Do outro lado do ecrã do telemóvel ou do computador, o interlocutor diz querer trocar mensagens de cariz erótico, garantindo ter em vista um encontro real, o que é uma maneira de aliciar a vítima. Assim que enviam a primeira mensagem percebem logo que estão a ser vítima de chantagem”, explica Ricardo Estrela ao JN.

É raro os jovens recorrerem às autoridades. Não apenas pelo receio de verem a sua intimidade exposta, mas também porque se sentem culpados por terem aceitado enviar as imagens que, depois, os tornou reféns.

Uma vez que a maioria cede à chantagem, e não tenta procurar ajuda, em janeiro, a APAV decidiu lançar a Linha Internet Segura.

Esta linha serve para prestar apoio online ou telefónico às crianças, jovens, adultos e educadores, permitindo sempre que a vítima mantenha o anonimato, caso assim o deseje.

A finalidade é ajudar as vítimas a lidar com a situação, tentando explicar, nomeadamente aos jovens, a importância em contactar as autoridades e a falar abertamente com os pais.