Sindicato estima adesão de 85% dos cerca de 75 mil funcionários ao protesto contra a falta de trabalhadores e de condições de trabalho nas escolas de todo o país.

Milhares de alunos ficaram sem aulas, esta manhã, quando um número ainda indeterminado de escolas não abriu portas devido à greve dos trabalhadores não docentes. A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), responsável pela convocatória de greve, apontava para uma adesão de 85% às primeiras horas do dia.

“Não tenho onde deixar a minha filha, vou ter de levá-la comigo para o trabalho”, relatava Paula Ferreira, mãe de Catarina Andrade, aluna do 8º ano da Escola Básica D. Mafalda, em Rio Tinto (Gondomar), esta manhã. Os pais tiveram de esperar cerca de meia hora antes de saber se havia aulas, uma vez que o aviso, afixado na véspera, alertava para não deixarem as crianças sem saber se o estabelecimento de ensino iria funcionar.

“Perdi aqui imenso tempo à espera e tenho de ir trabalhar, a minha filha agora tem de ir para casa da avó”, lamentava Nuno. “Estes 20 minutos à espera geraram o caos aqui à porta, embora não me faça diferença levar a Bruna para casa, pois estou de Baixa”, explicou outro pai, enquanto se preparava para engrossar a longa fila de automóveis que procuravam dar a volta, entrar ou sair do largo em frente à escola.

“Para muitos pais, é complicado que a escola não abra”, admitia Marieta Carreira, mãe da Carolina Bernardo. A aluna, do 5º ano, aguardava apenas que “a carrinha do ATL regressasse para a levar a passar o dia com eles”. “Não sei o motivo do protesto, mas se o fazem é porque têm razões e eu estou do lado deles”, completou Marieta.

À porta da escola, a funcionária adiantou, ao JN, que “de 16 funcionários, vieram três trabalhar”, pelo que “não há condições para assegurar o funcionamento” do estabelecimento frequentado por quase mil alunos.

Um pouco por todo o país o cenário repetiu-se, embora só à tarde possa ser feito um balanço geral do número de escolas encerradas.