Li Wenliang, de 34 anos, foi o primeiro médico a falar sobre o novo coronavírus e foi detido pela polícia, juntamente com outros sete médicos. Estava internado na província de Hubei, na China.
O primeiro médico a identificar e a denunciar o surto viral que já conta com 563 mortos e mais de 28 mil infetados em todo o mundo morreu esta quinta-feira, de acordo com os meios chineses. De acordo com a Global Times, Li Wenliang, de 34 anos de idade, tinha confirmado no sábado passado, à CNN, que estava infetado e nos cuidados intensivos.
O profissional de saúde foi um dos sete médicos a ser detidos pelas autoridades, no início do ano, para os demover de “espalhar alarme”.
Wenliang falou pela primeira vez na possibilidade da cidade de Wuhan, na China, estar na presença de um possível surto viral no dia 30 de dezembro do ano passado, através de uma mensagem que deixou num grupo de antigos colegas de faculdade, na aplicação de conversação WeChat.
O médico de 34 anos escreveu aos colegas, também médicos, que sete pessoas que ficaram doentes num mercado local tinham sido diagnosticados com um vírus semelhante ao SARS (síndrome respiratória aguda grave) e que estavam de quarentena no hospital onde trabalhava.
Wenliang ainda disse mais. Disse que, de acordo com as análises que tinha visto, o vírus era um coronavírus – a extensa família de vírus que podem causar doença no ser humano, muitos deles já conhecidos e identificados, como o SARS, que causou uma pandemia na China em 2003 – resultando em 774 mortes, depois de uma tentativa de ocultação de informação por parte do governo chinês.
Numa questão de horas, conforme explica a CNN, capturas de ecrã das mensagens do médico já estavam a circular nas redes sociais chinesas e tornaram-se virais, sem o seu nome ser apagado. Wenliang foi um dos oito médicos detidos em janeiro pela polícia de Wuhan, que os acusava de espalhar rumores, e foram aconselhados a manter silêncio sobre o caso.
Li Wenliang estava nos cuidados intensivos num hospital de Hubei, tendo confirmado no sábado que contraiu o vírus de um paciente. O diagnóstico criou uma onda de indignação na China, com muitas críticas à censura estatal em torno da doença e à demora inicial em avisar o público.