Em França, o confinamento social e o medo causado pela propagação da Covid-19, fez com que se difundissem mensagens de solidariedade… e de discriminação.
Em França, apesar de todos os dias, pelas 20h, as pessoas se encontrarem às janelas e varandas para aplaudirem os profissionais de saúde, há também quem tenha uma mensagem menos encorajadora para estes profissionais.
“Conhecendo a tua profissão, seria possível, para garantir a nossa segurança, que não toques nas portas das zonas comuns ou que, nos próximos dias, fiques alojada num outro sítio? Não leves a mal, mas eu e os outros vizinhos iríamos sentir-nos mais seguros”. Esta é uma mensagem de 22 de março, que Sophie, uma auxiliar de enfermagem, encontrou quando chegou ao prédio onde vive, em Toulouse.
E este não é caso único. Em Paris, no mesmo dia, um grupo de moradores mostrou-se indignado por uma enfermeira ter mudado de casa. O proprietário da casa chegou a receber mensagens de vizinhos que diziam que “não queriam correr riscos”, reporta a France Inter.
Já em declarações à estação de rádio RMC, a mãe de uma enfermeira contou, entre lágrimas, que um dia a filha encontrou presa no vidro do carro a seguinte mensagem: “Agradecemos que não estacione o seu carro junto dos nossos”.
Posto isto, parece que aqueles que para muitos são os heróis desta luta, para outros se transformaram nos seus inimigos.
Recorde-se que também a região de Múrcia, em Espanha, ficou chocada com uma situação semelhante, referente a uma empregada de supermercado.
“Somos os teus vizinhos e queremos pedir-te, pelo bem de todos, que procures outra casa. (…) Aqui vivem muitas pessoas e não queremos mais riscos”, podia ler-se num bilhete deixado no prédio, pelos vizinhos, a uma empregada de supermercado, que, em tempos de pandemia, continua a trabalhar para que as pessoas possam ter onde comprar comida.