O embate entre FC Porto ao Benfica, na sexta-feira, no clássico da 10.ª jornada da I Liga, “tem tudo para ser muito bom”, prevê o ex-futebolista César Brito, ‘herói’ improvável da fundamental vitória ‘encarnada’ nas Antas em 1990/91.

“As duas melhores equipas [a jogar atualmente em Portugal] vão estar ali perto uma da outra. É um encontro que não decide nada, mas é importante para ambos, até porque o Benfica se pode distanciar e o FC Porto se pode aproximar. Esperemos que venha a ser um bom jogo, sem casos e que a arbitragem esteja também à altura”, referiu à agência Lusa o ex-avançado internacional português, que jogou nas ‘águias’ entre 1985 e 1995.https://221e1f047c1144bb32d443283f5c22b0.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O FC Porto, segundo colocado, com 22 pontos, recebe o líder Benfica, com 25, na sexta-feira, às 20:15, no Estádio do Dragão, no Porto, com os campeões nacionais a testarem uma série invicta de 18 jogos nas diferentes competições em 2022/23 dos ‘encarnados’, contra os quais já não perdem há nove partidas, dispersas por mais de três anos e meio.

“Nem sempre ganha a melhor equipa nos dérbis e ‘clássicos’. Claro que é sempre difícil jogar no Dragão, mas penso que as probabilidades são 50/50. Será interessante de ver e seguir. Neste momento, são duas equipas que estão no máximo das suas capacidades e forma. Espero que o Benfica ganhe, porque sou benfiquista, joguei neste clube e faço 58 anos na sexta-feira. Era um dia em cheio se o Benfica ganhasse no Dragão”, afiançou.

Se a equipa de Sérgio Conceição está a atravessar a melhor série da época, com cinco triunfos seguidos, precedidos de mais seis êxitos, um empate e três derrotas, as ‘águias’ levam 14 vitórias e quatro empates sob orientação do treinador alemão Roger Schmidt.

“Há muitos anos que o Benfica não tinha um arranque tão bom e eficaz. Acontece e as contratações também foram bem feitas, mas, realmente, não esperava um início assim. O que mudou? Tem muito a ver com a motivação dos jogadores e alguns bons nomes que vieram”, avaliou César Brito, que ‘saltou’ do banco para ‘bisar’ ante o FC Porto (81 e 85 minutos), encaminhando o 29.º cetro do Benfica a cinco rondas do fim, em abril de 1991.

Vencedor de quatro campeonatos, três Taça de Portugal e uma Supertaça pelo emblema lisboeta, o antigo dianteiro destaca as “boas exibições” de uma equipa “moralizada pelos resultados na Liga dos Campeões”, com triunfos sobre Maccabi Haifa (2-0) e Juventus (2-1) e um duplo empate 1-1 com o Paris Saint-Germain, estando perto dos oitavos de final.

“A exibição menos conseguida foi em Guimarães [empate 0-0, na oitava ronda da I Liga], sem falar na Taça de Portugal [vitória por 5-3 nos penáltis diante do Caldas, após 1-1 no final do tempo regulamentar e do prolongamento]. Houve muitas mudanças e é um jogo em que os jogadores não se motivam a 100%. Não sei porquê, mas a Taça de Portugal sempre causou estas surpresas. Agora, o Paris Saint-Germain é um possível candidato a vencer a ‘Champions’. O Benfica tem-se saído muito bem com os ‘grandes'”, enquadrou.

César Brito aposta “mais no coletivo do que nas individualidades” para ditar diferenças no clássico, embora as partidas entre ‘grandes’ “sejam decididas às vezes em pormenores” e cada rival apresente “jogadores capazes de resolverem de um momento para o outro”.

“Espero que caia mais para o lado do Benfica. Gosto de ver jogar este [David] Neres e o Enzo Fernández. São dois jogadores fabulosos e muito bons. O Gonçalo Ramos também está muito bem, assim como o Rafa”, destacou, distinguindo dois dos principais reforços contratados em pleno verão e mais duas figuras que já integravam o plantel em 2021/22.

A revitalização dos futebolistas que foram treinados nessa campanha por Jorge Jesus e, mais tarde, Nélson Veríssimo toma como exemplo paradigmático João Mário, segunda unidade mais preponderante na ‘era’ Roger Schmidt, atrás do goleador Gonçalo Ramos.

“Isto tem tudo a ver também com os bons atletas que entraram na equipa. Sem dúvida, o João Mário está a fazer um campeonato muito bom e esperamos que continue, tal como outros que têm feito um início de época muito além do normal. Estão bem, confiantes e acreditam que o Benfica tem de ganhar”, registou César Brito, sobre o médio, já com as mesmas sete assistências e mais dois golos face aos quatro de 2021/22, em 17 duelos.

Seguro de que o Benfica dispõe de “um plantel recheado de muitas soluções” para suprir uma eventual ausência no Dragão de David Neres, que falhou os últimos três encontros por lesão, o ex-dianteiro mostra-se prudente quanto à súbita projeção do defesa central António Silva, de 18 anos, após já ter competido 11 vezes a titular pela equipa principal.

“Nota-se que o miúdo tem muita qualidade. Não sei se será pressão, mas estão a colocá-lo já no ‘top’ dos melhores da Europa e do mundo. Acho que o erro na Taça de Portugal [no golo do empate do Caldas] tem muito a ver com isto. O miúdo tem de jogar e de ser apoiado. É realmente um grande jogador, mas ainda não é aquele fora de série”, juntou.