Numa carta assinada pelo diretor-geral da FEVIP, António Paulo Santos, e endereçada ao primeiro-ministro, ao ministro da Economia, à ministra da Cultura e ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), a associação realça que “não há neste momento, nem se prevê que venha a haver, qualquer estreia de filmes nas primeiras três semanas de junho e os filmes da quarta semana não estão confirmados”.
“É aliás, por isto, que a anunciada proposta de abertura das salas de cinema no próximo dia 1 de junho é para esta indústria uma surpresa e afigura-se absolutamente despropositada e irrealista”, acrescenta o documento, que diz que a Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC) não foi consultada sobre a data de reabertura.
Desta forma, a FEVIP argumenta que a data de reabertura “para os cinemas que façam uma exploração predominantemente comercial ou se localizem em centros comerciais, deverá ser a data de 02 de julho, dando mais 30 dias ao setor para se reaprovisionar de conteúdos”.
No entanto, a associação ressalva que a proposta avançada “não invalida que os cinemas que não estão nas condições acima referidas, se assim o pretenderem, possam abrir a 01 de junho”.
A FEVIP refere que a “abertura das salas terá de ocorrer em data em que se preveja a existência a curto prazo de filmes que potencialmente sejam sucessos de bilheteira, de forma a que o esforço e custos de reabertura não sejam imediatamente delapidados pela falta de filmes que agarrem grandes audiências”.
A associação dá o exemplo de “Tenet”, de Christopher Nolan, que tem estreia em Portugal marcada para 16 de julho.
“Reabrir as salas sem novos filmes equivale a ter um supermercado com as prateleiras vazias ou cheias de produtos cujo prazo de validade já passou”, compara a associação.
Na mesma carta, datada de 21 de maio e na qual é solicitada uma reunião ao Governo, a FEVIP refere que “a lotação mínima das salas terá de ser garantida a 50%, pois só com esta taxa se poderá tornar o negócio viável”.
“A APEC, apesar de mais de 55% das salas de cinema não terem entrado em ‘lay-off’ reinvindicou a manutenção parcial do mesmo, por forma a permitir às empresas exibidoras de cinema algum apoio, permitindo-lhes ajustar as suas equipas de colaboradores ao processo de retoma de frequência das salas, que se prevê muito lenta, nos primeiros tempos de reabertura”, pode ler-se no texto.
Na semana passada, o Cinema Ideal, em Lisboa, anunciou que vai reabrir a 01 de junho, dia estipulado pelo Governo para o retomar de atividade de cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos.
A decisão do Cinema Ideal foi revelada ainda antes de se conhecerem oficialmente as regras de higiene e segurança estipuladas pelo Governo para a reabertura de cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos.
Além do Cinema Ideal, a exibidora Medeia Filmes revelou na página oficial que reabrirá o cinema Nimas, também em Lisboa, a 10 de junho, mas os detalhes sobre condições de acesso e segurança serão revelados em conferência de imprensa a 1 de junho.
Contactada pela Lusa, fonte da exibidora NOS Cinemas – líder do circuito da exibição comercial – disse que não tem qualquer informação oficial sobre a reabertura das 219 salas que detém, porque também quer saber oficialmente o que decide o Governo sobre lotação exigida e conduta dentro da sala de cinema.
Nos contactos efetuados nos últimos dias com outros exibidores, fonte da empresa NLC – Cinema City, a terceira maior exibidora em Portugal, com 46 salas de cinema, indicava à agência Lusa que estava a preparar a reabertura, “mas nunca para dia 01”, porque “como todo o mercado de cinema, a nível nacional e internacional, não reúne as condições necessárias para a abertura no início de junho”.
De acordo com o ICA, a rede portuguesa de exibição comercial de cinema integra 535 salas, com cerca de 99 mil lugares.