SC Braga goleia no Bessa no fecho de 2020

Bracarenses vão descansar pelo menos 24 horas no 2º lugar

O SC Braga deu hoje uma lição de maturidade competitiva ao renovado plantel do Boavista, ao golear por 4-1, num encontro da 11.ª jornada da I Liga de futebol, sentenciado com talento, eficácia e espetáculo.

No Estádio do Bessa, os golos de Paulinho (quatro minutos), Iuri Medeiros (15) e Ricardo Horta (26 e 70), contra o de Cristian Devenish (66), ‘arrasaram’ a estreia caseira do treinador Jesualdo Ferreira, que orientou os ‘arsenalistas’ entre 2003 e 2006 e na época 2013/14.PUBLICIDADE

O SC Braga ascendeu provisoriamente ao segundo lugar, com os mesmos 24 pontos do Benfica, a cinco do líder isolado Sporting, enquanto o Boavista somou o quinto jogo seguido sem vencer e ocupa a 16.ª e antepenúltima posição, com nove pontos.

Além da ausência de Galeno, lesionado frente ao Rio Ave (3-0), os minhotos tiveram de remodelar a linha defensiva em função das baixas de última hora de Bruno Viana, David Carmo, Vítor Tormena e André Castro, apostando nos centrais Raul Silva e Rolando.

Enérgica a reagir às contrariedades clínicas, a formação de Carlos Carvalhal surgiu em campo com um futebol consistente e fulgurante, gerando perigo logo aos três minutos, num cabeceamento alto de Paulinho, após cruzamento de Ricardo Horta na direita.

Maior nível de eficácia revelou o goleador do SC Braga na jogada seguinte, quando correspondeu ao trabalho de Fransérgio, responsável por ter intercetado um passe atrasado de Yusupha e ludibriado a oposição do guarda-redes Léo Jardim.

O Boavista tentou reagir com bola, embora acusando falta de lucidez no último terço e demasiado espaço entre setores, carências penalizadas aos 15 minutos, com Iuri Medeiros a escapar à marcação de Paulinho para aplicar um forte disparo de longe.

Cercados por um misto de letargia e desinspiração, os pupilos de Jesualdo Ferreira só assustaram Matheus num desvio ao lado de Alberth Elis (17 minutos) e num pontapé frouxo de Paulinho (35), intercalados com nova desatenção fatal em zonas recuadas.

Aos 26 minutos, Sequeira executou um passe na direção de Paulinho, cuja receção falhada, acompanhada pela extrema passividade ‘axadrezada’, deixou a bola nos pés de Ricardo Horta, capaz de bater Léo Jardim com um remate picado à entrada da área.

À procura de diluir diferenças antes do intervalo, o Boavista remou contra a maré através de Angel Gomes, que rematou para defesa de Matheus (41 minutos) e cobrou um livre a rasar a barra (44), enquanto Ricardo Horta desperdiçou na cara de Léo Jardim (45+1).

Jesualdo Ferreira reforçou a presença ofensiva no reatamento, mas só logrou uma réstia de esperança à boleia do cabeceamento eficaz de Cristian Devenish (66 minutos), após canto de Hamache, numa fase controlada pelo Sporting de Braga em ritmo de gestão.

O conjunto de Carlos Carvalhal retirava dividendos práticos e anímicos sempre que explorava a velocidade nas transições e ensaiou por duas vezes o quarto golo, com Ricardo Horta (58 minutos) e Paulinho (63) a festejarem em posição irregular.

A dupla do costume voltou a causar estragos aos 70 minutos, num cruzamento atrasado do avançado concluído pelo extremo, ‘selando’ o regresso dos ‘arsenalistas’ aos triunfos no Bessa duas épocas depois e ditando uma passagem de ano atribulada às ‘panteras’.

Declarações do treinador do Sp. Braga, Carlos Carvalhal, na sala de imprensa do Estádio do Bessa, após a vitória por 4-1 ante o Boavista, em jogo da 11.ª jornada da I Liga:

«Satisfação grande, o mais importante foi termos ganho. Vou-me alongar um pouco para tentar explicar esta semana: foi difícil. Nós logo a seguir ao jogo [com o Rio Ave] – no dia seguinte ou dois dias depois – tivemos o primeiro caso de covid-19 e logo em catadupa mais situações: Castro, David Carmo, Tormena e Bruno Viana, mais o Francisco Miranda, fisioterapeuta.»

«Isto é terrível, este vírus desune, quebra os laços de afetividade. Hoje temos dificuldade em abraçar os nossos pais, avós, amigos, em função desta natureza do vírus, mas quando este vírus está instalado num grupo, é terrível. O que procura, é desunir as pessoas desse grupo, porque a isso obriga.»

«Foi uma luta também contra o vírus e dedicar a vitória aos nossos jogadores que não puderam estar presentes. Vitória bem construída, justa, boa exibição da nossa parte. Tornámos o jogo fácil contra uma equipa difícil. O Boavista tem uma boa reação na segunda parte e soubemos reagir contra essa reação. E as dificuldades se calhar são expressas na forma como acabámos por compor o quarteto defensivo: Esgaio, o Rolando não tem jogado, o Bruno que é um jovem promissor da equipa B e o Zé Carlos, que é lateral-direito, a lateral-esquerdo. Foi assim que terminámos o jogo, mas todos os jogadores tiveram um comportamento brilhante.»

Carlos Carvalhal fala sobre Paulinho

“Não estou minimamente preocupado. O Paulinho vai ficar até ao final da época, a não ser que alguém bata a cláusula. No final da época é muito provável que saia. Fiquei muito satisfeito por ouvir o treinador do Sporting dizer que não haveria mexidas no mercado”, disse na conferência de imprensa.

“Penso que aí fechou definitivamente o circo para a comunicação social relativamente ao Paulinho num possível ingresso para o Sporting. Espero que termine mesmo, porque estas paragens originam alguma especulação e isso é terrível para preparar a equipa. Felizmente, o Paulinho tem boa cabeça, é um jogador muito concentrado e está de corpo e alma no Sporting de Braga. É um dos capitães, tem feito golos e no final da época vai fazer a transferência que tanto anseia e que é do nosso interesse que aconteça”, completou Carvalhal.

Declarações do treinador do Boavista, Jesualdo Ferreira, na sala de imprensa do Estádio do Bessa, após a derrota por 4-1 ante o Sp. Braga, em jogo da 11.ª jornada da I Liga:

«Tenho consciência que, aos 15 minutos, com um grande golo, o Sp. Braga chegou ao 2-0 e, aos 26, o 3-0. Em pouco tempo, o que tínhamos planeado para o jogo, acabou por não resultar.»

«Tenho de o dizer porque é o meu sentimento, acho que a minha equipa foi sempre, durante 90 minutos, muito objetiva no que queria: ganhar, discutir o jogo, tiveram ocasiões para fazer golo. Mas quando se joga contra uma equipa como o Sp. Braga, com qualidade coletiva e individual, há momentos em que a atenção é redobrada, o trabalho do treino tem de ser configurado nesse sentido e estou a referir-me aos equilíbrios e à forma como, em alguns momentos, perdemos a bola e resultou em golo.»

«Quando se chega a 3-0 aos 25 minutos, o jogo está praticamente ganho. E normalmente as outras equipas deixam de estar em campo e nós não deixámos. Inclusive, na segunda parte, quando alterámos um pouco a estrutura tática da equipa, fomos capazes ainda de pressionar mais o Sp. Braga.»

Ricardo Horta: «Quero dedicar esta vitória a todos os jogadores que estão ausentes»

Ricardo Horta assinalou, esta segunda-feira, uma grande exibição no Bessa, diante do Boavista. O extremo do Sporting de Braga assinalou dois dos quatro golos da goleada (4-1) aos axadrezados, em jogo da 11.ª jornada da Liga NOS, e aproveitou a ‘flash-interview’ no final da partida para dedicá-los aos companheiros de equipa que se encontram a recuperar da Covid-19.

“Vínhamos com o intuito de ganhar os 3 pontos. Construímos uma vantagem de três golos que nos deu tranquilidade para o resto do jogo. Queremos amealhar o máximo número de pontos e só com vitórias conseguiremos isso. Quero dedicar esta vitória a todos os jogadores que estão ausentes por estarem com Covid-19”, começou por dizer o jovem internacional português. 

“Temos um plantel curto, mas recheado de identidade. Os jogadores que entraram para o onze conseguiram dar uma boa resposta. Foi uma grande vitória aqui, no Bessa”, concluiu.

Veja aqui os melhores momentos da partida;

Ficha de jogo

Jogo no Estádio do Bessa, no Porto.

Boavista – SC Braga, 1-4.

Ao intervalo: 0-3.

Marcadores:

0-1, Paulinho, 04 minutos.

0-2, Iuri Medeiros, 15.

0-3, Ricardo Horta, 26.

1-3, Cristian Devenish, 66.

1-4, Ricardo Horta, 70.

Equipas:

– Boavista: Léo Jardim, Reggie Cannon (Nathan, 64), Cristian Devenish, Chidozie, Yanis Hamache (Tiago Morais, 79), Show (Sebastián Pérez, 74), Paulinho, Nuno Santos (Ricardo Mangas, 46), Alberth Elis, Angel Gomes e Yusupha Njie (Jorge Benguché, 46).

(Suplentes: Rafael Bracali, Jesús Gómez, Jorge Benguché, Ricardo Mangas, Jackson Porozo, Nathan, Sebastián Pérez, Jeriel De Santis e Tiago Morais).

Treinador: Jesualdo Ferreira.

– SC Braga: Matheus, Ricardo Esgaio, Rolando, Raul Silva (Bruno Rodrigues, 90), Sequeira (Zé Carlos, 49), Al Musrati, João Novais (André Horta, 77), Fransérgio, Ricardo Horta (Abel Ruiz, 90), Iuri Medeiros (Nico Gaitán, 77) e Paulinho.

(Suplentes: Tiago Sá, Zé Carlos, Abel Ruiz, Nico Gaitán, André Horta, Rodrigo Gomes, Hernâni, Bruno Rodrigues e Guilherme Schettine).

Treinador: Carlos Carvalhal.

Árbitro: André Narciso (AF Setúbal).

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Al Musrati (67) e Jorge Benguché (81).

Assistência: Jogo realizado à porta fechada devido à pandemia de covid-19.