O ex-ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo considerou hoje uma “medida arriscada” manter as escolas abertas na atual fase da pandemia da covid-19 e defendeu que os professores devem ser priorizados na vacinação.

Portugal entra nesta sexta-feira num novo confinamento generalizado, devido ao agravamento da situação epidemiológica, mas, ao contrário do primeiro, que decorreu em março e em abril de 2020, as escolas não encerram, mantendo-se as aulas presenciais, com o Governo a admitir que o ensino à distância prejudica a aprendizagem dos alunos, em particular dos mais carenciados.

Para Marçal Grilo, que foi o orador convidado de uma videoconferência promovida pela Federação Nacional da Educação, “a medida de deixar as escolas abertas é arriscada”, atendendo ao estado da pandemia, que considerou “um pouco descontrolada”, pelo que deverá ser feito “um acompanhamento, uma avaliação” da medida e “correção se for caso disso”.

Secundando os sindicatos, o antigo ministro da Educação advogou que os professores deviam ser priorizados na vacinação contra a covid-19, uma vez que, em seu entender, são profissionais de “serviços essenciais”.

O ex-ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo afirmou que a escola “vai evoluir e ser capaz de se impor e responder aos desafios”, salientando que há um “antes e depois” da pandemia da covid-19.

Marçal Grilo, que foi ministro da Educação no primeiro Governo socialista de António Guterres, entre 1995 e 1999, foi o orador convidado de uma videoconferência promovida pela Federação Nacional da Educação (FNE).

“Acho que há uma escola que vai evoluir e ser capaz de se impor e responder aos desafios”, sustentou, alicerçando a sua “grande esperança” num “antes e depois” da pandemia.

Perante a “grande imprevisibilidade” do futuro, o presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro manifestou “uma certeza”: é necessário uma “escola forte” onde se “aprenda mais” e que forme alunos com “valores e comportamentos” que os “ajude a enfrentar um futuro incerto”.

Para o antigo ministro da Educação, as escolas “não podem ser braços da tutela”, devem poder “escolher os seus professores, técnicos, gestores e psicólogos”.

“À tutela cabe apoiar as escolas como organizações”, sublinhou, apontando que as escolas enquanto organizações, como defende, devem ter “lideranças fortes, um corpo docente coeso e qualificado e um plano educativo enquadrado na comunidade” em que estão inseridas.

Segundo Eduardo Marçal Grilo, uma escola só “devidamente enquadrada e consciente dos problemas da comunidade” terá “maior capacidade de influenciar o futuro” dos estudantes, que devem “ler tudo”, incluindo ficção, “aprender com os erros” e ser estimulados para o “rigor, liderança, criatividade, inovação, persistência, dedicação e exigência”, assim como para o “respeito pelos outros e pelas suas convicções, a solidariedade, a liberdade e a democracia”.

O ex-presidente do Conselho Nacional de Educação realçou ainda “um paradoxo” que deveria ser ultrapassado, o de que os cursos de formação de professores “não atraem os melhores” apesar de a classe ser respeitada pela opinião pública.