m casal infetado com Covid-19 esteve durante três dias nas Urgências do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, sentado num cadeirão, a receber tratamento, por não haver camas nas enfermarias.

Após oito dias de internamento, a mulher teve alta e foi para casa, apesar de estar ainda infetada. O marido, doente de risco, continua internado na enfermaria dedicada à doença, a receber oxigénio. Continua a sentir-se cansado e a tosse ainda persiste.

Em entrevista à TVI24, Ana Maria descreveu o que viu na unidade hospitalar com palavras fortes. “Depois de se passar por aquelas portas de vidro, aquilo é um inferno lá dentro”, começou por contar.

“Parecia o Holocausto. Nunca na minha vida vi uma coisa tão complicada […]. Só quem sente na pele a dor do vírus é que sabe que isto não tem a facilidade de que as pessoas falam”, explicou, salientando que o serviço de urgências estava completamente lotado e que as “macas não paravam de chegar”.

Enquanto contava a sua história, Ana Maria quis deixar uma palavra de força aos profissionais de saúde. Recordou emocionada um “pequeno grande gesto” de um enfermeiro que arranjou um quarto para que o casal pudesse descansar, ao fim de três dias sentados, e os sorrisos dos médicos, enfermeiros e auxiliares que, “mesmo debaixo daquele desconsolo, são impressionantes seres humanos”.

“Nunca nos faltou nada em termos médicos”, garantiu a doente.

Por fim, Ana Maria deixou um apelo. “O Hospital tem de proteger aqueles médicos e enfermeiros. Peçam à Câmara, peçam à Proteção Civil, peçam à população, mas não deixem faltar o material aos médicos”, pediu.