A remuneração bruta mensal média por trabalhador em Portugal aumentou 3,5% no quarto trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2019, para 1473 euros, indicam os dados do INE publicados esta quinta-feira. Apesar da crise pandémica, em 2020 este indicador sobre a evolução dos salários subiu 2,9%, ou seja, acima dos 2,8% registados em 2019
O ano foi de crise económica e sanitária, com o Produto Interno Bruto (PIB) a recuar uns inéditos 7,6% na história da democracia portuguesa. Mas, essa evolução negativa não fez mossa sobre os salários, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quinta-feira.
Com base na análise de cerca de 4,1 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social (sector privado) e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações (Administração Pública), o INE indica que no quarto trimestre do ano passado, a remuneração bruta mensal média por trabalhador aumentou 3,5% em termos homólogos, isto é, por comparação com o quarto trimestre de 2019. No terceiro trimestre de 2020, este aumento tinha sido de 3,7% em termos homólogos.
Desta forma, a remuneração bruta mensal média por trabalhador atingiu os 1473 euros mensais no quarto trimestre de 2020, o que compara com 1423 no quarto trimestre de 2019.
Como a taxa de variação do Índice de Preços do Consumidor (IPC) foi negativa (-0,2%), o aumento nos salários brutos no quarto trimestre foi ainda mais expressivo, atingindo 3,7% em termos médios, aponta o INE.
Tudo somado, no conjunto de 2020 a remuneração bruta mensal por trabalhador aumentou 2,9% relativamente ao ano anterior, atingindo 1314 euros. É uma aceleração face a 2019, quando esse aumento anual tinha sido de 2,8%, indica o INE.
Em termos reais, isto é, considerando o impacto da inflação para medir a evolução do poder de compra, o aumento em 2020 foi também de 2,9%, o que compara com 2,5% em 2019, aponta o INE.
São indicadores que vêm no mesmo sentido dos dados publicados na quarta-feira pelo INE e que indicam. O Expresso avança, que apesar da crise, o rendimento médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem subiu ao longo do ano e fechou 2020 no valor mais elevado desde pelo menos 2011, ano em que começa a atual série de dados da autoridade estatística nacional.
A explicação prende-se, em grande medida, com o aumento do salário mínimo, a atualização salarial na função pública, a baixa taxa de desemprego em 2019 pressionando em alta os salários no arranque de 2020, e as medidas de apoio ao emprego e ao rendimento das famílias avançadas pelo Governo logo em março de 2020, quando a pandemia de covid-19 chegou a Portugal.