Abel Ferreira disse hoje que José Mourinho, técnico do Tottenham, é a sua referência como treinador de futebol, tendo destacado ainda o já falecido Bobby Robson, além de Jurgen Klopp e Pepe Guardiola, de Liverpool e Manchester City, respetivamente.
“Como maior referência, como treinador, escolheria o [José] Mourinho [Tottenham] pelo lado competitivo, o Bobby Robson [treinou, em Portugal, Sporting e FC Porto], pela ética e postura e mostrar como é possível ganhar assim, o Klopp, pela forma de ver o jogo muito pragmática, é metódico, e o Guardiola, pela abertura e capacidade de dotar as suas equipa de um ataque posicional extremamente forte”, disse o treinador do Palmeiras, em conferência de imprensa realizada em Braga.
Há pouco mais de duas semanas (em 07 de março), Abel Ferreira conquistou o segundo troféu no Palmeiras, a Taça do Brasil, diante do Grémio, mas o primeiro e mais importante foi a Taça Libertadores, em 30 de janeiro, numa vitória por 1-0 sobre o Santos, no Estádio do Maracanã, título que o clube de São Paulo só tinha ganho uma vez, em 1999.
“A única diferença entre a Libertadores e a Liga dos Campeões é que existe um hino na ‘Champions’, que dá um arrepio e nos põe com pele de galinha, e a Libertadores tem o slogan ’em busca da glória eterna’. São duas competições com uma dimensão e um impacto muito grande”, disse.
Afirmando-se “feliz” no Palmeiras e sem convites de outros clubes, Abel Ferreira revelou que, apesar de as expectativas terem sido baixadas para o campeonato estadual de São Paulo, a equipa vai lutar por conquistar esse título.
“Dividimos o grupo, uns foram de férias e outros ficaram. É determinante, num contexto de tanta densidade competitiva e exigência, o parar e desligar, é muito importante. O Palmeiras é o clube com mais títulos no Brasil, é o maior clube do Brasil, os títulos são uma exigência obrigatória que está inerente ao nosso trabalho. O segredo do sucesso é muito simples: disciplina, ambição, trabalho, exigência e consistência – e é bater nisto, nas vitórias e nas derrotas”, disse.
Abel Ferreira realçou que sempre deu especial atenção aos jogadores da formação nas equipas por que passou, mas também frisou a importância dos “jogadores de suporte, os que, quando as coisas correm mal, vão levar com as críticas, esses são fundamentais para fazer crescer os outros, os líderes, os capitães. Se começas só a elogiar os jovens, os jogadores são como as mulheres, têm muitos ciúmes”.
“O bom treinador é o que ajuda a ler o jogo, só aos 26/27 anos comecei a entender o jogo, que era muito mais que só marcar o Quaresma, o Simão ou o Derlei. Hoje, a minha preocupação é ensinar o jogo, mas os treinadores estão sempre nas mãos dos jogadores. No último segundo da Libertadores, o nosso extremo esquerdo lembrou-se de vir ao lado direito e o extremo direito de ir para a área, chegou um cruzamento e surgiu um golo que dá a Libertadores. Nós, os treinadores, queremos tornar o menos aleatório possível, queremos controlar tudo, mas o jogo tem vida própria”, disse.
O técnico realçou a importância do lado mental e disse que a psicologia é uma ciência que o “fascina”.
“A partir de determinado patamar há algo que faz a diferença. Falem com o [piloto do Mundial de MotoGP] Miguel Oliveira ou com o Cristiano Ronaldo, que diz que a sua maior força é a mental. O nosso limite somos nós próprios, se bem usado esse aspeto mental pode levar-nos para algo que nunca pensamos”, disse.
Abel Ferreira revelou que foi a partir do momento em que, em 2004, foi orientado no Sporting de Braga por Jesualdo Ferreira, atual treinador do Boavista, que começou a pensar mais em ser treinador, o que foi depois reforçado com Paulo Bento no Sporting.
“O Jesualdo Ferreira fazia muitas perguntas aos jogadores, o Paulo Bento, uma vez, em Coimbra, pediu-me para ser eu a falar [depois dele] aos jogadores. Até uma certa altura pensava ‘treinador não’, mas depois desses dois treinadores comecei a pensar nisso. Com o Jesualdo Ferreira comecei a apontar tudo e até a ditar para um gravador situações do treino”, disse.