Depois do Ministério Público ter deixado cair o pedido de prisão preventiva.
O juiz Carlos Alexandre decidiu esta sexta-feira aplicar uma caução de cinco milhões de euros para a libertação de Joe Berardo, depois de o Ministério Público ter deixado cair o pedido de prisão preventiva. Berardo poderá sair em liberdade já esta sexta-feira, tendo 20 dias para depositar o dinheiro ou apresentar garantias.
O empresário fica proibido de sair do país, sendo obrigado a entregar o passaporte, e fica também proibido de contactar com os restantes arguidos no processo.
Para o advogado André Luiz Gomes, a caução foi definida no valor de um milhão de euros e está proibido de contactar com Joe Berardo.
Joe Berardo foi detido na terça-feira no âmbito de uma investigação aos empréstimos ruinosos da Caixa Geral de Depósitos. Passou as últimas duas noites na prisão anexa à Polícia Judiciária.
IRMÃO E UM DOS FILHOS DE BERARDO CONTITUÍDOS ARGUIDOS
Além de Joe Berardo e do advogado André Luiz Gomes, há pelo menos mais uma dezena de arguidos no processo. A lista inclui o irmão e um dos filhos do empresário madeirense e ainda Carlos Santos Ferreira, suspeito de beneficiar Berardo enquanto presidente da Caixa Geral de Depósitos.
Estão ainda envolvidas seis sociedades ligadas ao comendador.
Segundo comunicados da PJ e do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em causa no processo está um grupo “que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros” e que terá causado “um prejuízo de quase mil milhões de euros” à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.
JOE BERARDO TERÁ MONTADO UM ESQUEMA PARA NÃO PAGAR AS DÍVIDAS AOS BANCOS
O empresário, juntamente com o advogado André Luiz Gomes, também detido, terá posto em prática um plano de reestruturações e de manobras jurídicas para evitar o reembolso dos empréstimos concedidos pela Caixa, BCP e antigo BES.
A SIC sabe que a indiciação do Ministério Público regressa a 2004 e é a partir desse ano que o grupo Berardo passou a beneficiar de avultados financiamentos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos, antigo BES e BCP sem que, a partir de finais de 2008, houvesse uma intenção de reembolsar os bancos.
Muito pelo contrário, terão sido realizadas manobras jurídicas de forma a reestruturar esses mesmos financiamentos sem que tivesse sido avançado qualquer capital, e ainda com o objetivo de esvaziar os créditos das respetivas garantias.
A SIC sabe também que a indiciação refere que, embora a Coleção Berardo e outro património tenham sido dados com garantia para os financiamentos, o empresário, em colaboração com outros membros da família e elementos do grupo, realizou atos e negócios jurídicos com o objetivo de esvaziar essas mesmas garantias. E por isso terão passado para outras esferas do grupo, inutilizando as garantias dos bancos credores.
Os três bancos exigem quase mil milhões de euros. Berardo é acusado de vários crimes, incluindo oito de burla qualificada.