Choveu intermitentemente sobre o manto de gelo no último sábado (14 de agosto) durante 13 horas.
ela primeira vez desde 1950, quando se iniciaram os registos, caiu chuva e não neve no topo da calota glaciar da Gronelândia, a aproximadamente 3000 metros acima do nível do mar.
O National Snow and Ice Data Center (NSIDC) revela que, no último fim de semana, as temperaturas no cume da Gronelândia foram positivas pela terceira vez em menos de uma década. Algumas zonas estavam mesmo 18º C mais quentes do que a temperatura média, enquanto no topo foi atingida a temperatura de 1º C.
Esse aumento da temperatura ajudou a criar um fenómeno de chuva extrema, que fez cair intermitentemente sete mil milhões de toneladas de água sobre o manto de gelo durante 13 horas. “Basicamente, choveu durante o dia todo [no sábado]. Estava a chover a cada hora, enquanto a equipa fazia as suas observações meteorológicas”, afirmou Zoe Courville, uma engenheira de investigação do Laboratório de Investigação e Engenharia de Regiões Frias, ao The Washington Post. “É a primeira vez que isso se observa”, acrescentou.
Uma vaga de calor na Gronelândia, com temperaturas mais de dez graus acima das normais para a época, provocou no final de julho um episódio de degelo da calota glaciar gronelandesa, alertaram os glaciologistas.
Nessa altura foram registadas temperaturas incomuns de mais de 20 graus no norte da Gronelândia, segundo o instituto meteorológico dinamarquês DMI.
Essa vaga de calor, que também afetou uma grande parte do vasto território ártico, resultou num ritmo acelerado de degelo da calota glaciar.
O recorde de degelo diário na Gronelândia, que foi registado no verão de 2019, não foi ultrapassado, mas a parte do território gronelandês onde o gelo derreteu é maior do que há dois anos, informou o portal eletrónico de vigilância ártica.
É a segunda calota glaciar depois da Antártica, com uma área de quase 1,8 milhões de quilómetros quadrados, pelo que a camada de gelo que cobre a Gronelândia é motivo de preocupação para os cientistas, já que o aquecimento do Ártico é três vezes mais rápido do que em outras partes do mundo.
O recuo da calota glaciar da Gronelândia começou há várias décadas, acelerou desde 1990 e continua nessa dinâmica.
Um estudo europeu publicado em janeiro refere que o degelo da calota glaciar gronelandesa deve contribuir para a elevação geral do nível dos oceanos à altura de 10 a 18 centímetros até 2100, que é 60% mais rápido do que a estimativa anterior.
A calota glaciar da Groenlândia contém, no total, o suficiente para elevar os oceanos de 6 a 7 metros.