O presidente do SC Braga disse hoje que o homólogo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, confia na centralização dos direitos televisivos da I e II Ligas já a partir da temporada 2022/23.
“É possível que a centralização dos direitos televisivos aconteça em 2023/24, mas o presidente da Liga foi mais otimista e diz que é possível entrar em funcionamento já na próxima época. Esperemos todos que sim. Seria uma grande notícia para o futebol português”, partilhou aos jornalistas António Salvador, após a cimeira de presidentes.
Na sessão ocorrida no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, Pedro Proença propôs a criação de um comité para estudar o modelo de comercialização, a exploração de conteúdos, a repartição de receitas, a estratégia para melhorar o produto audiovisual e marca das competições e o plano de expansão para mercados internacionais.
“Somos o quinto país do ranking da UEFA e o único desses cinco primeiros ainda sem centralização. Não vamos fugir muito do que já está feito noutros países. Ninguém quer ser prejudicado. Queremos é maior igualdade. Se possível, que os que recebem mais, recebam mais ainda, e os que recebem menos, possam receber muito mais”, ilustrou.
Esse grupo de trabalho apresentará as conclusões na próxima cimeira de presidentes, aprazada para fevereiro de 2022, também no Porto, depois de uma sessão na qual estiveram ausentes Varzim, Casa Pia, Vilafranquense e Nacional, todos da II Liga.
“Foi com grande satisfação que ouvi os três ‘grandes’ dizerem que concordam com a centralização. Até 2025, a Liga tem de informar qual é a distribuição pelos clubes. Caso contrário, será o Governo a fazer isso e poderá ficar com parte dessa receita. Foi aqui pedido à direção da Liga que criasse um comité de urgência”, notou António Salvador.
A centralização dos direitos televisivos nas I e II Ligas vai ficar concluída até 2028/29, de acordo com o decreto-lei aprovado em 25 de fevereiro em Conselho de Ministros, que impossibilita os clubes de comercializarem de forma individualizada os direitos dos seus jogos a partir dessa época, sem interferir nos efeitos dos atuais contratos televisivos.
“A Liga terá, juntamente com os clubes, de acordar com os operadores que cedam esses direitos para poderem ser comercializados. Segundo a Liga nos informou, têm existido essas conversas com os operadores, que estão de acordo com isso. Foi uma reunião muito proveitosa e muito importante para uma viragem no futebol português”, enalteceu.
O presidente do SC Braga projeta que a antecipação da implementação da centralização dos direitos televisivos permitirá aos clubes ajudar a superar uma “situação financeira complicadíssima” agravada pela pandemia de covid-19 no último ano e meio.
“Como não temos a bazuca que o Governo vai ter para o país, há que ter capacidade de imaginação para resolver os problemas. Importa sanear a questão financeira, mas também que parte desse dinheiro seja para criar infraestruturas e condições para vender com qualidade o nosso futebol e os nossos conteúdos lá para fora”, concluiu.
Já o presidente do Vitória SC salientou uma “grande união” entre os 34 clubes dos escalões profissionais sobre uma temática que “deve ser liderada” por LPFP e Federação Portuguesa de Futebol (FPF), evitando que “caia fora do âmbito do futebol”.
“Nós é que sabemos quais são os problemas da nossa indústria e sentimos uma impreparação do poder político para lidar connosco. A partir de hoje, estamos preparados para liderar o processo que conduzirá à centralização. Preferencialmente, antecipando a sua entrada em vigor, que pode ser no início de 2022/23”, referiu Miguel Pinto Lisboa.
Em janeiro, as duas entidades assinaram um memorando para poder concretizar a centralização até 2027/28, mas o dirigente prioriza um “processo bem conduzido” em vez da pressa por elevar receitas, crendo que a bazuca “não chega para o desporto todo”.